A CPI do MST e os interesses de fato em tentar criminalizar os sem terra
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), é um instrumento político da sociedade brasileira que atua há quase 40 anos organizando os pobres sem-terra do campo e da cidade para lutarem pelo direito garantido na Constituição Federal pelo acesso à terra. A existência e resistência do MST explicita a grande contradição agrária brasileira demarcada por uma fratura social entre ricos e pobres; grileiros concentradores de terras e sem-terra.
O objetivo camuflado em mais uma CPI contra o MST busca criminalizar a luta pela terra no Brasil e encobrir as mazelas provocadas pelo modelo do Agronegócio que concentra terras (principalmente através de grilagem de terras da União e dos Povos Originários), depreda os bens da natureza; contamina o ar, a água, o solo e os seres humanos com o uso indiscriminado de agrotóxicos e amplia a desigualdade social.
Tô com o MST por reconhecer sua importância histórica na luta em defesa da democracia e da Reforma Agrária em nosso país. Estou com o MST porquê através da bandeira da Educação alfabetizou milhares de pessoas e formou centenas de professores, assistentes sociais, geógrafos, historiadores, advogados, médicos, agrônomos e veterinários; Estou com o MST porquê mostra na prática a possibilidade da produção de alimentos saudáveis à preço justo (maior produtor de arroz orgânico da américa latina); da recuperação das florestas através dos sistemas Agro-florestais(SAFS); por causa da campanha Plantar árvores, colher alimentos saudáveis.
EU SOU O MST
Sou militante da reforma agrária desde a década de 90, na adolescência a minha educação e formação político-ideológica é fruto da experiência no MST das escolas do movimento, mas principalmente na luta pela terra e democracia, nas mobilizações, nas marchas, nas ocupações, nos encontros, reuniões, boa parte no MST e parte no PT. Venho de uma de uma família de assentados da reforma agrária, de um assentamento de mais de vinte anos chamado Canudos no município vizinho Pedra Preta, lá é onde produzimos maior parte dos alimentos de nossa família e meu pai comercializa o excedente na cidade. Quando falamos de Reforma Agrária nós estamos falando de um país com 33 milhões de pessoas que passam fome e de um agronegócio pujante, que serve sim pra exportação, mas que não dá conta de alimentar o próprio povo. É sobre estas questões que a gente deveria estar debatendo. E falar de CPI perseguir os trabalhadores rurais organizados pelo movimento, é dizer que assim a gente mata sonhos e a esperança de que podemos e devemos lutar em defesa da vida digna para todos(as).
Toda minha solidariedade à essa causa justa e necessária!
Vida longa ao MST!
Wendell Girotto é Presidente Municipal do PT em Rondonópolis, Bacharel em Direito e Gestão Pública e secretário de Administração do Poder Legislativo