Bacia hidrográfica de Rondonópolis está contaminada por agrotóxicos

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Bacia do Rio Vermelho está contaminada (Geoview.info)

Bacia do Rio Vermelho estaria contaminada
(Geoview.info)

Segundo o pesquisador rondonopolitano e assessor parlamentar federal José Roberto Feltrin, a água que abastece Rondonópolis está sendo envenenada por agrotóxicos, conforme indicam dados  levantados por pesquisadores do Ministério da Saúde (MS), que detectaram a presença de 27 tipos de agrotóxicos, que estão sendo jogados em rios e nascentes da região. “A situação é grave, pois a contaminação da água por agrotóxicos pode ocasionar doenças crônicas como câncer, defeitos congênitos e distúrbios endócrinos, podendo levar a óbito”, alerta ele, acrescentando que, “é preciso que a população se mobilize, para cobrar das autoridades uma solução para o problema. Mas, além da água contaminada, a situação do abastecimento de água em Rondonópolis também gera preocupação e a população tem de estar atenta”.
A cidade, explica Feltrin, é abastecida por captação no Rio Vermelho e por poços artesianos, praticamente meio a meio. “A captação de água em poços artesianos tem elevado custo financeiro, principalmente durante a perfuração e na manutenção periódica do sistema. Nos poços artesianos, o consumo energético é elevado, pois a água é bombeada das profundezas do terreno”, explica.
Ele alerta ainda, que a captação no Rio Vermelho tem se mostrado, ao longo dos tempos, problemática, “porque sedimentos como barro e areia, causam o desgaste prematuro nas bombas elétricas e geram altos custos com manutenções, agravado pelo fato de que a bacia hidrográfica do Rio Vermelho engloba vários municípios da região, “sendo a cabeceira leste a mais problemática, por conta de contaminações das nascentes pelo uso intensivo de produtos agrotóxicos aplicados nas plantações de soja, milho e algodão, na região da Serra da Petrovina”, afirma.
José Roberto Feltrin observa que o sistema atual de captação e fornecimento público de água em Rondonópolis carece de um reservatório estratégico de grande volume, para suprir as necessidades de abastecimento em caso de uma estiagem prolongada na região, como ocorreu recentemente na crise hídrica de importantes centros, como São Paulo e Brasília. “Diante dos graves problemas apresentados, qual seria a solução?”, indaga ele.
“A solução para melhorar a qualidade da água, baixar custos e garantir a segurança hídrica para o abastecimento da população de Rondonópolis, seriam investimentos em infraestrutura para a construção de uma barragem no rio Arareau”, responde. Este projeto, segundo ele, pode ser realizado através de um convênio firmado entre o Ministério da Integração Nacional e o governo municipal.
O projeto, de sua autoria, prevê a construção de um grande reservatório estratégico, com volume estimado em 100 milhões de metros cúbicos de água para suprir o abastecimento da população, mesmo que ocorra um eventual período prolongado de secas na região. A área alagada projetada tem estimativa de cobrir 1200 hectares de espelho d’água e um perímetro maior de 32 km de extensão em suas margens.“O local indicado para a construção da barragem é livre do lançamento de esgoto, pois não existem cidades ou indústrias a montante do rio Arareau. Já no Rio Vermelho, a montante do ponto de captação que fornece água para Rondonópolis existe a contaminação da cabeceira leste por defensivo agrícola, e resíduo industrial de frigoríficos e curtume e lançamento de esgoto por cidades e vilas situadas em sua bacia hidrográfica”, pontua.
A bacia hidrográfica do rio Arareau, de acordo com Feltrin, é bem menor que a do rio Vermelho, mas torna-se bem mais vantajosa: sua área está concentrada dentro do município de Rondonópolis, resultando em facilidade nas decisões políticas e administrativas, e nos trabalhos de fiscalização e preservação das nascentes.
APP e barragem

Feltrin alerta para a contaminação da água
(RBC News)

“Para garantir a segurança hídrica regional, seria muito importante transformar a bacia hidrográfica do rio Arareau em uma Área de Proteção Ambiental, para restringir o plantio de monoculturas, onde é necessário o uso intensivo de defensivos agrícolas”, esclarece Feltrin, acrescentando que, “outra vantagem em relação ao sistema atual, é que a formação de um grande lago no Rio Arareau favorece a decantação da sujeira trazida pelas correntezas do rio, tendo um efeito positivo na qualidade da água no ponto de captação. O resultado será traduzido em menos insumo para tratamento da água e menor custo ao consumidor final”.
“A captação de água no Lago Arareau será efetuada em um local onde o nível altimétrico é superior em mais de quarenta metros, em relação ao nível de captação no Rio Vermelho, resultando em economia de energia elétrica no bombeamento de água para a estação de tratamento e distribuição”, acrescenta.
Segundo José Roberto Feltrin, uma vez provada a eficiência do Projeto da Barragem do Arareau, o mais importante, nesse primeiro momento, é a sociedade e as autoridades agirem. “Todos devem fazer sua parte. A criação da Área de Proteção Ambiental do Rio Arareau é o primeiro e urgente passo para a ser dado para que haja preservação das nascentes e para que ocorra um desenvolvimento equilibrado, visando o bem-estar da cidade e de sua gente”, acredita. “Portanto, para que fique bastante acentuado: o principal ato, neste momento, é discutir a exaustão o tema com todos os poderes constituídos em Rondonópolis: Executivo, Judiciário e Legislativo. Não debater esse tema é crime!”, exclama.
João Negrão/Agência RBC News/Muvuca Popular

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