Governo do Estado admite decretar calamidade

Órgãos estaduais não terão expediente (Catraca Livre)

Palácio Paiaguás (Catraca Livre)
Palácio Paiaguás, sede do governo estadual (Catraca Livre)

Escalonamento de salários, redução do horário de trabalho dos servidores e atraso no repasse para a saúde e para o duodécimo dos poderes. Mato Grosso é mais um dos estados brasileiros afetados pela crise econômica pela qual passa o país. Neste segundo semestre, o governo do estado tomou medidas para tentar cortar despesas e, assim, conseguir honrar compromissos, entre eles o do pagamento do salário dos servidores. Ainda assim, não tem sobrado dinheiro em caixa para novos investimentos, argumenta a Secretaria Estadual de Fazenda.
O governo não descarta a possibilidade de decretar situação de calamidade pública, a exemplo de outros Estados brasileiros. Segundo a Sefaz, além da folha salarial, que foi paga de forma escalonada nos últimos dois meses, tem sido pago prioritariamente somente o que é considerado essencial para o funcionamento da máquina pública, como contas de água, luz e telefone.
A situação fiscal do estado piorou este ano. O Mato Grosso registrou déficit primário de R$ 268 milhões no primeiro semestre de 2016, revertendo um superávit primário de R$ 229 milhões no mesmo período do ano passado, segundo dados do Siconfi/Tesouro Nacional.
Em entrevista ao G1, o secretário de Fazenda, Seneri Paludo, disse que principalmente nos últimos seis meses o estado cortou investimentos, mesmo tendo um imposto cuja arrecadação é exclusiva para isso, o Fethab (Fundo Estadual de Transporte e Habitação). Obras iniciadas em 2015 e 2016 não foram paradas, segundo ele, mas por enquanto a ideia é não fazer novos compromissos nesse sentido.
O governo afirma que a arrecadação tem sido suficiente apenas para cobrir despesas. Cita como exemplo o que o estado arrecada com o ICMS (Imposto sobre Comércio, Mercadoria e Serviços). “Arrecadamos com esse imposto por ano quase R$ 9 bilhões. A folha dos servidores é de R$ 9 bilhões. Não sobre espaço para investimento”, disse Paludo.
A Secretaria Estadual de Fazenda reconhece que alguns setores estão sofrendo com atrasos de pagamentos. Um deles é o da saúde, o que tem provocado greve nos hospitais regionais do estado por causa dos salários atrasados dos funcionários, entre eles médicos e enfermeiros.
Segundo o secretário da pasta, José Batista Pereira, a dívida com os hospitais regionais e com os municípios passa de R$ 50 milhões. Mas, secretarias municipais de Saúde estimam montantes maiores a receber que os informados pela secretaria estadual.
Outro exemplo de atraso foi para o repasse do duodécimo dos poderes. Por causa disso, o estado assinou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com representantes do Judiciário, Legislativo, Tribunal de Contas e Ministério Público se comprometendo a pagar metade da dívida de R$ 278,5 milhões até o dia 30 de novembro. O restante deve ser divido em seis parcelas iguais que devem ser quitadas de janeiro a junho de 2017.
Medidas
Entre as medidas tomadas pelo governo por causa da crise está a redução do horário dos servidores. Desde o dia 26 de setembro, os funcionários públicos que trabalham em regime de 40 horas semanais entram às 13h e saem às 19h. Para os que têm jornada de trabalho de 30 horas, o expediente é das 13h às 17h30.
Em relação aos salários dos cerca de 105 mil servidores, nos últimos dois meses o governo escalonou o pagamento. Na folha de setembro, primeiramente foram pagos os funcionários que recebiam até R$ 6 mil líquidos, sendo que 10 dias depois o pagamento foi para os que recebem acima desse valor. Em outubro, novo escalonamento: no dia 31 do mês, o governo pagou quem recebe até R$ 3 mil líquidos. Os demais ficaram para receber até oontem,  dia 10.
Repasses federais
Um dos motivos que agravou a crise em Mato Grosso foi a falta de repasses de recursos por parte do governo federal, diz a Sefaz. Segundo o estado, deixaram de ser pagos mais de R$ 750 milhões entre repasses legais (como o do Fundo de Participação dos Estados, o do Sistema Único de Saúde e o Imposto sobre Produtos Industrializados) e convênios, como saúde, educação e demais.
Outro repasse que não foi feito foi o referente ao FEX (Auxílio Financeiro de Fomento das Exportações). A União anunciou em outubro que pagaria R$ 400 milhões, mas o dinheiro ainda não entrou na conta do governo do estado.
Com G1 MT

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