Concurso da Segurança Pública: provas haviam vazado um mês antes da sua aplicação
O concurso da Segurança Pública de Mato Grosso, com supostas irregularidade, teria tido as provas vazadas mais de um mês antes da sua aplicação. A denúncia foi feita ontem (22) por um dos candidatos ao cargo de soldado da Polícia Militar, que disse ter encontrado o caderno de provas na internet, disponibilizado desde o dia 11 de janeiro.
Em checagem, a reportagem do g1 MT comparou o caderno de provas aplicado no dia 20 de fevereiro e constou que seu conteúdo é 100% compatível. Todas as questões aplicadas no dia do concurso são idênticas às que estavam publicadas no portal de concursos da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), a organizadora do certame.
O denunciante, que preferiu não se identificar e não registrar boletim de ocorrência para também se preservar, entregou as supostas provas à Comissão de Segurança da Assembleia Legislativa, que deve acionar o Ministério Público Estadual e o governo do estado para que providências sejam tomadas. Mesmo antes da denúncia de vazamento da prova, o concurso já era alvo de pedido de anulação.
O presidente da Comissão de Direito Administrativo da OAB-MT, Thiago França, afirmou que a partir da comprovação das denúncias, há a possibilidade de que o governo do estado anule o concurso ou ainda que a própria UFMT resolva anular o certame. Neste caso, porém, cabe à universidade arcar tanto com os custos relativos a uma nova aplicação das provas quanto a possíveis indenizações.
Somente ontem (21), mais de 30 denúncias de irregularidades na realização do concurso haviam sido recebidas pela Ouvidoria do Ministério Público Estadual. O certame foi realizado em oito municípios do estado, com 66 mil candidatos inscritos.
Os vídeos que circulam na internet e mostram as provas do último concurso da Segurança Pública de Mato Grosso, no domingo (20), serão investigados pelo MPE. As imagens trazem links com as provas do concurso, com questões resolvidas e disponibilizadas na íntegra.
Em um dos vídeos, aparece um caderno de provas com as resoluções. No entanto, o candidato não poderia levar o caderno ou filmar as respostas, já que o uso de aparelhos eletrônicos era proibido, segundo o edital.
A deputada Janaina Riva (MDB) solicitou a anulação do certame e aplicação de novas provas, e Elizeu Nascimento (PL) fez um pedido de investigação formal.
Ambos elencaram sete fatos, para apuração:
– Pagamento realizado sem identificação no sistema, incorrendo na exclusão indevida do candidato na lista de divulgação do local de prova;
– Candidato que efetuou pagamento e não foi permitido realizar a prova, sob a justificativa de limitação de idade;
– Problema de identificação de candidatos na prova (ausência de coletor de digitais);
– Uso de equipamentos eletrônicos em sala e no banheiro;
– Inexistência de fiscalização para o porte indevido de equipamentos eletrônicos;
Fonte:g1 MT