Defesa requer exame de insanidade mental em mãe que matou o filho esquartejado
A Defensoria Pública de Mato Grosso reforçou à Justiça, pedido para que a ré Ramira Gomes dos Santos, 22 anos, acusada de matar e esquartejar o filho, Bryan da Silva Otany, de 4 meses, na madrugada de 14 de maio, em Sorriso (MT), seja submetida a processo de insanidade mental.
Ramira está presa na Penitenciária Feminina Ana Maria do Couto, em Cuiabá, há seis meses, após assumir o crime e tentar fugir para o Amazonas.
Ela já havia tentado liberdade, sob o mesmo argumento, mas o pedido foi negado pela juíza Emanuelle Chiaradia Navarro Mano, da Primeira Vara Criminal daquela cidade Sorriso, em 15 de setembro, onde o processo tramita.
A defesa da ré alegou, que em oitiva a ré demonstrou perturbação e comportamento inadequado, o que sugeria algum desequilíbrio mental.
O argumento não convenceu a juíza, que narrou o histórico da jovem e também depoimento de testemunhas para amparar sua negativa. “Tem-se do interrogatório da acusada que a mesma pode até ser reservada, mas não transparece padecer de nenhuma moléstia mental a justificar a instauração do incidente pretendido. Não tomava remédios controlados, não relata surto anterior, nem tratamento médico algum”, diz a decisão.
Consta no documento judicial que Ramira foi adotada aos 2 anos e que logo em tenra infância presenciou o pai matar a mãe. Foi morar com uma irmã, com quem passou boa parte da vida.
Aos 13 anos começou a usar drogas, tendo experimentado todas. O uso se perpetuou, até o dia de sua prisão. Nesse meio tempo, ela se casou duas vezes. A primeira aos 17 anos e depois aos 21.
Ela teve uma filha com o primeiro marido, de quem se separou amigavelmente e tinha guarda compartilhada da criança.
Não há queixa de negligência ou maus trados da menina. Depois, com o segundo esposo, teve Bryan. O companheiro também usava drogas e a ré se separou dele, quando o menino tinha apenas 15 dias de vida.
Mãe e filho passaram a viver na casa de parentes e Ramira trabalhava como cabeleireira. Solteira novamente, ela começou a ter um relacionamento virtual com uma mulher que morava em Boa Vista (RR).
Após meses de namoro, a namorada terminou o relacionamento. Certa de reatar com a amada, Ramira vendeu suas coisas de casa, as da irmã com quem vivia, matou a criança e viajou para Boa Vista. Ela foi presa em embarcação, um dia após o crime.
Diante da negativa para exame de insanidade, a defesa da ré acionou o Tribunal de Justiça de Mato Grosso em 18 de outubro e espera decisão.
O recurso será avaliado pelo desembargador Paulo da Cunha, da Primeira Câmara Criminal.
O caso
O crime foi cometido com requintes de crueldade. Segundo a mãe, na madrugada de 14 de maio ela matou o bebê asfixiado com um travesseiro. Foram necessárias duas tentativas para conseguir matar o filho, que estava no carrinho.
Depois do homicídio, ela levou o corpo até a pia da cozinha, onde cortou as mãos e pés do filho, para facilitar esconder o cadáver. Ela colocou os membros dentro de latas de leite em pó, embalou em sacos de lixo e deixou na lixeira em frente da casa.
Ela ainda lavou o local e jogou as roupas que usava fora. O tronco e cabeça foram enterrados em uma cova rasa embaixo de um tanque de lavar roupa no quintal.
Ao amanhecer, foi até o mercado para comprar produtos de limpeza para tentar eliminar os vestígios de sangue na cozinha. Depois de ter matado o filho, ela ainda compareceu à uma consulta no dentista, como se nada tivesse acontecido.
Os restos mortais foram encontrados por um cachorro e os vizinhos chamaram a polícia.
Da Redação com Jessica Bachega/ Gazeta Digital