Donos de berçário em MT são indiciados por torturar bebês
Após ouvir 33 pessoas – entre ex-funcionárias, funcionárias ativas e crianças – a delegada Jéssica Assis, da Polícia Civil de Sorriso (médio Norte de Mato Grosso), concluiu ontem (24) o inquérito e indiciou o casal de proprietários de uma creche, localizada na área central da cidade, pelos crimes de tortura com castigo, tortura por omissão, ameaça e perseguição, solicitando a prisão preventiva de ambos.
A creche atende crianças de zero a cinco anos, a um custo unitário mensal de R$ 948,00 e após as denúncias terem sido registradas, o casal foi detido no dia 14 deste mês.
Ambos possuem 44 anos e a mulher foi indiciada por cinco crimes de tortura e três de maus-tratos, enquanto o homem vai responder por um crime de tortura, cinco de omissão perante tortura e um de ameaça contra ex-funcionária.
“Duas meninas defecaram, sendo uma na própria roupa e outra na fralda. A proprietária esfregou a calcinha e a fralda suja de fezes no rosto delas. Testemunha narra que a proprietária esfregou a fralda com tanta força e por tanto tempo, que chegou a esfarelar o tecido no rosto delas”, destacou a delegada, revelando ainda que há relatos envolvendo criança autista que teve areia socada em sua boca, até engolir e o de uma criança de um ano apenas, que ficava presa por um cinto em um toco, por horas debaixo do sol.
Também as pessoas ouvidas disseram em seus depoimentos, que a violência incluía ainda tapas nas nádegas e na boca, mordidas, puxões, golpes com raquetes, empurrões e beliscões contra as vítimas, sob a alegação de que os atos serviam para disciplinar as crianças.
Quando questionada pelos pais pelas marcas em seus filhos, a dona da creche dizia que outras crianças os haviam agredido.
Apesar da delegada ter solicitado a interdição do berçário, o pedido foi indeferido pelo Poder Judiciário pois avaliou que não havia elementos para que isso ocorresse.