Eleição no Senado: candidatura Requião pode fazer a diferença
A eleição para a Mesa Diretora do Senado, que acontece hoje, às 16 horas, apesar de ter dois candidatos declarados à presidência – o líder do PMDB Eunício Oliveira (PMDB-CE) e o vice-líder do governo José Antônio Medeiros (PSD-MT) – pode apresentar um resultado diferente do esperado, com o registro da candidatura de Roberto Requião (PMDB-PR), momentos antes da votação (o que é permitido pelo Regimento Interno da Casa).
Requião reuniu-se com parte da bancada petista – que decidiu não apoiar para o cargo o senador Eunício Oliveira (CE), favorito ao posto -, para tentar viabilizar uma candidatura à presidência do Senado.
O senador Eunício, tratado como o candidato principal do PMDB e com apoio da cúpula do partido, somente confirmou sua candidatura na noite de ontem. O senador cearense é aliado do presidente Michel Temer e tido como o favorito na disputa, por ter procurado, nos últimos meses, os líderes dos principais partidos da Casa.
Ele prometeu, por exemplo, ao PSDB – segunda maior bancada da Casa (12 senadores) – a presidência da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) e dois assentos na Mesa Diretora: a Primeira-vice-presidência e a Quarta Secretaria.
Ao PT, terceira maior bancada (10 senadores), Eunício ofereceu a Primeira Secretaria e o comando de uma comissão do interesse da legenda.
Por outro lado, Medeiros – que sequer conta com o apoio do partido dele -, afirma esperar conseguir 31 votos de parlamentares, inclusive de seus colegas mato-grossenses Wellington Fagundes e Cidinho Santos (ambos do PR), descontentes com a concentração do poder do Senado na cúpula do PMDB, formada pelo próprio Eunício, por Renan Calheiros e por Romero Jucá (RR). Requião, por sua vez, articula uma candidatura alternativa ao da cúpula da legenda, que, por ter a maior bancada, tem o direito de lançar o nome para a sucessão de Renan Calheiros (PMDB-AL).
Roberto Requião tem defendido a divulgação do conteúdo das delações dos 77 executivos e ex-executivos da Odebrecht , antes da eleição das Mesas da Câmara e do Senado. Para Requião, seria um “constrangimento” eleger alguém que futuramente fosse questionado.
A divulgação das delações, se ocorresse, poderia beneficiá-lo, uma vez que Eunício poderia ser enredado na colaboração da Odebrecht – embora citado, não é alvo de inquérito formal no Supremo Tribunal Federal (STF).
O atual líder do PMDB, entretanto, disse que não tem “nenhuma preocupação” com o conteúdo das delações. “Ninguém pode impedir que terceiros falem, criem, inventem e até mintam”, disse à reportagem.
Senadores do PT – a terceira maior bancada da Casa – reuniram-se nos dois últimos dias para definir o caminho a seguir. Após pressão da base do partido, a bancada rachou. Um grupo defende não apoiar a candidatura de Eunício, que foi a favor do impeachment da presidente da cassada Dilma Rousseff. Outro é favorável a fechar com Eunício e garantir um assento na Mesa Diretora, provavelmente a Primeira-Secretaria, linha defendida pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Um terceiro grupo quer, caso Requião saia candidato, apoiá-lo, o que deve ser decidido agora pela manhã.
Da redação com informações Agência Estado/G1 Brasília