Entrevista com o ‘dono-laranja’ do avião da cocaína interceptado pela FAB

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Cocaína apreendida no avião, em Goiás (Moldura Blog Holofotes)

Cocaína apreendida no avião, em Goiás
(Moldura Blog Holofotes)

O jornalista Silvio Navarro escreve em seu blog Holofote de hoje que, conforme informou na semana passada, as investigações da Polícia Federal (PF) indicavam que o bimotor Piper Aircraft 23 (matrícula PT-IIJ), interceptado no interior de Goiás pela Força Aérea Brasileira com mais de 650 quilos de cocaína, estava registrado em nome de um “laranja”.
Segundo o blogueiro, o proprietário é Jeison Moreira Souza, de 26 anos, nascido na pequena Santa Rosa do Viterbo, no interior de São Paulo, que há dez anos reside em Campo Grande (MS) e trabalha com instalação de telefones, depois de tentar a vida como motorista de caminhões.
Na conversa, por telefone, ontem, com Jeison Moreira Souza, Silvio Navarro confirmou que ele é mais um “dono-laranja”, de aeronave que transportava entorpecentes, assim como já aconteceu em outros casos anteriores, em que aviões caem ou são interceptados pelas forças policiais, ficando incólumes e protegidos pelo anonimato dos acontecimentos, os verdadeiros donos e mantenedores da atividade criminosa no Brasil.
Veja a entrevista:
-Você é o dono do avião que transportava cocaína?
-Não. Hás uns dois ou três anos, um primo me pediu para fazer a documentação a pedido de um amigo dele. Eu assinei o contrato de compra. Mas o avião já foi vendido duas vezes.
-Mas você conhecia esse amigo dele?
-Não.
-Por que aceitou assinar? Não teve receio de emprestar seu nome a um desconhecido?
-Não, eu morava com esse meu primo, trabalhava com ele na garagem dele de vendas de carros e caminhões.
-Se o avião já foi vendido, por que ele ainda estava no seu nome?
-Eu também não sabia que ainda estava em meu nome. Esse avião já foi vendido duas vezes. Quando saiu a notícia, telefonei para a pessoa que comprou o avião quando ele foi revendido e ele disse que tinha o contrato de compra e venda, mas não tinha conseguido pagar o documento da Infraero para transferir o avião de nome.
-Como se chamam o atual dono para quem você telefonou o e o amigo para quem assinou assinou esse documento?
-Prefiro não responder. Mas o segundo comprador, com quem já conversei, disse que eu poderia passar o telefone dele caso a Polícia Federal me procurasse.
-A Polícia Federal te procurou?
-Ainda não. Acho que se eles suspeitassem que eu estou envolvido com algo errado, já teriam vindo atrás de mim.
-Você recebeu dinheiro por ter colocado o bimotor em seu nome?
-Não.
-Você se arrepende de ter emprestado o nome?
-Não, porque não aconteceu nada comigo. Continuo trabalhando normalmente.
-Já usou o avião?
-Nunca nem o vi.
Com Silvio Navarro/Holofote/Veja.com

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