Indicação temerária

A indicação protocolada na segunda-feira (22) pelo vereador Roni Magnani (SD), direcionada ao prefeito José Carlos do Pátio (SD) e ao secretário interino de Saúde, Marcos Vinícius Lima, sugerindo a distribuição à população, do “Kit Covid-19”, sob a justificativa de que a medida pode auxiliar no enfrentamento à pandemia de coronavírus, impedindo o aumento no número de internações em leitos de UTI, apesar de bem intencionada pode e deve ser considerada, no mínimo, temerária.
É que o kit- que pela indicação, deverá ser distribuído sob prescrição médica – é composto de medicamentos que não possuem eficácia cientificamente comprovada e homologada (off label) contra o vírus e podem desencadear efeitos colaterais, com consideráveis danos à saúde humana, afetando, por exemplo, os sistemas imunológico, cardíaco e também o digestório.
Nos moldes do que já vem sendo distribuído por várias prefeituras mato-grossenses, o kit contem: Hidroxocloroquina 400mg (6 cápsulas), Azitromicina 500mg (5 cápsulas), Ivermectina 6mg (2 cápsulas), Prednisona 20mg (6 cápsulas), Dipirona500mg ou Paracetamol 750mg (20 cápsulas).
O blog manteve contato com médicos que estão na frente de contenção e atendimento aos casos de coronavírus em Rondonópolis, os quais se mantem relutantes em prescrever esse tipo de tratamento e até entendem a preocupação de gestores municipais frente à situação crítica do momento, mas ressaltam que se realmente existisse já um medicamento eficaz para prevenir ou tratar a pandemia, não estaria morrendo tantas pessoas no mundo.
Paralelamente, reforçam eles, que isso poderá desencadear uma nova “corrida” de pessoas a unidades de Saúde, farmácias e drogarias, para aquisição particular dos medicamentos, como aconteceu com a cloroquina logo após o anúncio inconsequente de Jair Bolsonaro, que acabou com os estoques disponíveis para quem faz uso contínuo dos mesmos, além de causar aglomerações o que inevitavelmente pode vir a aumentar o número de casos do coronavírus.