Lula: “dona Marisa morreu triste pela ‘canalhice e pela maldade’ que fizeram contra ela”
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que sua mulher, Marisa Letícia, morreu triste e foi vítima de atos de “canalhice” e “imbecilidade”. Em discurso feito no final do velório da ex-primeira-dama, ele afirmou estar com a consciência tranquila e que não precisa provar que é inocente. “Marisa morreu triste pela canalhice que fizeram com ela e a imbecilidade e a maldade que fizeram com ela…Tenho 71 anos e vou viver muito, espero, e quero provar que os facínoras que levantaram leviandades contra a Marisa tenham a humildade de pedir desculpas a ela”, disse, durante velório realizado no salão nobre do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
Lula reafirmou que não tem medo de ser preso e quem o acusa é que precisa juntar provas contra ele. “Se alguém tem medo de ser preso, quero dizer que esse que está enterrando a sua mulher não tem. Tenho consciência tranquila. Tenho certeza da consciência e do trabalho da minha mulher. Não sou eu que tenho que provar que sou inocente. Eles que precisam provar que as mentiras que eles estão contando são verdade. Querida companheira Marisa, descanse em paz, porque o seu “Lulinha Paz e Amor” vai continuar brigando muito”, afirmou, ao se despedir da mulher.
“Eu vou continuar agradecendo a Marisa até o dia que eu não puder mais. Até o dia que eu morrer e espero encontrar com ela com esse mesmo vestido que eu escolhi para colocar nela, vermelho, para mostrar que a gente não tinha medo de vermelho quando era vivo e não vai ter morto”, disse o ex-presidente.
Emocionado, lembrou que dona Marisa ajudou a angariar fundos para partido na época de sua fundação vendendo camisetas e outros itens nas ruas de São Bernardo, berço político do partido. “Ela ficava na praça Matriz com outras companheiras, vendendo bandeiras para ajudar a construir o partido que a direita quer destruir”, disse.
O ex-presidente chorou muito e foi interrompido pelo bispo Dom Angélico Sândalo Bernardino – bispo emérito da diocese de Bauru – que participou do culto ecumênico, que pediu que ele descanse a partir de amanhã. “O Brasil precisa muito de você”, frisou o religioso.
Bispo critica reformas trabalhista e da Previdência
A fala de Dom Angélico Bernardino teve um tom político. Ele enalteceu a militância da ex-primeira-dama e defendeu a necessidade de a militância atual não esmorecer diante de reformas que sejam prejudiciais ao trabalhador.
“A Marisa Letícia foi uma guerreira na luta a favor da classe trabalhadora. Atentem para as reformas trabalhistas que sejam contra os trabalhadores; a reforma da Previdência, contra pobres e assalariados. É preciso que estejamos atentos”, pediu ele.
O bispo lembrou, ainda, que Marisa Letícia começou a trabalhar aos 13 anos em uma fábrica e destacou que a crise atual pela qual o país passa “é falsamente atribuída à administração dos dois últimos governos”.
Dom Angélico Bernardino é ligado à teologia da libertação, corrente da Igreja Católica que tem entre seus ícones, no Brasil, Frei Betto, que atuou no primeiro governo de Lula.
Da redação com Agência O Globo/UOL Notícias