Médico é alvo da PF por liderar esquema de “carros finan” em MT e GO
A Polícia Federal de Barra do Garças (MT) cumpriu ontem (5), em Goiânia (GO), um mandado de busca e apreensão em desfavor de um médico vinculado ao Programa Mais Médicos, suspeito de orquestrar um esquema criminoso denominado “Finan”.
Durante o cumprimento do mandado de busca e apreensão, diversas chaves e documentos de veículos foram apreendidos na residência do médico.
Também foi possível apreender uma motocicleta CB 1000 Finan, que havia sido revendida no dia anterior (04), o que corroborou a hipótese da prática delitiva.
Finan é uma modalidade criminosa que consiste basicamente em financiar um veículo em muitas prestações, utilizando-se para isso do nome de terceiros, os chamados “laranjas”. No entanto, essas pessoas que fornecem o nome, geralmente em troca de uma determinada quantia em dinheiro, são usadas por pessoas que não têm a menor intenção de efetuar o pagamento das prestações do veículo adquirido. Posteriormente, revendem o carro financiado para outras pessoas a preços muito abaixo dos normalmente praticados no mercado.
O objetivo principal de quem vende o chamado veículo Finan, é obter lucro fácil e em curto prazo.
Quem compra esse tipo de carro, muito abaixo do preço de mercado, não possui a menor intenção de executar o pagamento das prestações que o veículo possui, já que o financiamento foi feito em nome de uma outra pessoa.
Todavia, o comprador sabe que poderá ficar sem o veículo se o mesmo for localizado devido a uma ordem de busca e apreensão, emitida pela Justiça, atendendo a uma solicitação da financeira, que é a verdadeira proprietária do veículo.
A investigação policial teve início em Barra do Garças, no dia 3 deste mês, em razão da prisão em flagrante de uma mulher que dirigia um veículo Polo feita pela PRF. Quando abordada por policiais rodoviários federais, ela apresentou um Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo (CRLV) falso que estava sendo utilizado para “esquentar” o veículo Finan, fazendo-o aparentar legalidade, quando na verdade havia uma ordem judicial de busca e apreensão em desfavor do mesmo.
Por este motivo, foi presa em flagrante delito por uso de documento público falso. Os policiais federais analisaram os materiais aprendidos e descobriram que um médico que oferecia mais veículos a ela e o que esquema era maior. Rapidamente já foi representado à justiça para a busca e apreensão na residência do médico em Goiânia.
O delegado de Polícia Federal, Mário Sérgio Ribeiro de Oliveira, esclarece que “aquelas pessoas que colocam seu nome à venda, agindo deliberadamente como ‘laranja’, cometem o crime de estelionato, eis que financia um veículo sem a menor intenção de pagá-lo. Ou seja, obtém vantagem ilícita, em prejuízo alheio, ao induzir a instituição credora em erro”.
De igual forma o intermediário, que no caso da investigação, foi a pessoa que sofreu a busca e que vendeu o veículo Finan, com documento falso para a mulher presa em Barra do Garças, pela prática do crime de uso de documento público falso.
Acrescenta o delegado que além de cometer o crime de estelionato, o orquestrador do crime também pode ser autuado pela prática do crime de receptação qualificada, caso oculte, tenha em depósito ou exponha à venda, no exercício de atividade comercial, mesmo em residência, coisa que sabe ser produto de crime (veículo Finan, fruto do crime de estelionato).
O inquérito policial segue em sigilo e deve ser concluído no prazo de 15 dias.
Se condenados, os investigados poderão ser sentenciados a pena de prisão de até 19 anos, consideradas as penas máximas dos crimes de falsificação de documento público, estelionato e receptação qualificada.
Fonte: Folhamax