Oficiais da cúpula da segurança pública de MS são presos pelo Gaeco

Os sete presos são oficiais de alta patente (Reprodução/Midiamax)

Os sete presos são oficiais de alta patente
(Reprodução/Midiamax)

Por fazerem parte da “Máfia dos Cigarreiros”, responsável pelo contrabando de cigarros do Paraguai que movimenta em torno de R$ 12 bilhões por ano no Brasil, sete oficiais da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul (PMMS) foram presos ontem (15) na “Operação Avalanche”, deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) com apoio da Promotoria de Justiça da Auditoria Militar e da Corregedoria-Geral da Polícia Militar do vizinho Estado.
Os sete mandados de prisão preventiva e mais 13 de busca e apreensão foram cumpridos na Capital, Campo Grande, e nas cidades de Coxim, Sidrolândia, Naviraí, Aquidauana e Dourados.
Os envolvidos possuem bom trânsito político, salários mensais na faixa dos R$ 20 mil e posições de comando na Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) e vão responder pelos crimes de organização criminosa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Os presos
Veja quem são, o que faziam e quanto ganham os oficiais da PMMS presos na Operação Avalanche, segundo dados oficiais do Governo de Mato Grosso do Sul:
Kleber Haddad Lane (Coronel da reserva da PMMS)
Ex-comandante do Departamento de Operações de Fronteira (DOF) – força de elite da Sejusp MS – sediado em Dourados e era titular até recentemente, da Superintendência de Segurança Pública e Políticas Penitenciárias, um dos cargos mais importantes na estrutura do atual secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública de MS, Antonio Carlos Videira.
Recebe de aposentadoria R$ 33.879, 76, além de mais R$ 8,5 mil brutos, pela nomeação em “cargo especial de assessoramento”.
Carlos da Silva (Tenente-coronel da PMMS)
Atualmente é comandante do 3º Batalhão da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, sediado em Dourados e tem rendimento fixo de R$ 23.766, como oficial superior.
Wesley Freire de Araújo (Tenente-coronel da PMMS)
Já atuou em setores estratégicos da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, como inteligência, e foi lotado no TCE-MS (Tribunal de Contas do Estado). Atualmente, era comandante do 12º Batalhão da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, sediado na cidade de Naviraí, considerada como sede logística para o esquema de cargas dos cigarreiros.
Recebe salário fixo de R$ 23.766,00, como oficial superior na Sejusp.
Josafá Pereira Dominoni (Tenente-coronel da PMMS)
Atuou como comandante do 8º Batalhão da PM de Nova Andradina, também na região considerada estratégica para os esquemas de contrabando e narcotráfico que operam no vizinho Estado, tendo já comandado a Polícia Militar Rodoviária de Mato Grosso do Sul (PMR-MS).
Até ser preso, comandava a 5º Companhia Independente da Polícia Militar de Campo Grande.
Tem rendimento fixo de R$ 22.851,00, pelo cargo na Sejusp.
Luiz César de Souza Herculano (Major da PMMS)
Até ser preso, comandava o 5º Batalhão da Polícia Militar de Coxim, desde março deste ano, recebendo salário fixo de R$ 19.464,15.
Jidevaldo de Souza Lima (Tenente-coronel da PMMS)
Apesar de já ter sido condenado pela Justiça Militar a três anos e 10 meses por prevaricação e peculato, Jidevaldo foi comandante da Polícia Militar em Amambaí, na fronteira entre Mato Grosso do Sul e Paraguai.
O caso transitou em julgado em junho de 2013, mas Jidevaldo foi beneficiado com extinção da pena em fevereiro de 2015, quando passou a ter efeito o indulto de Natal concedido tradicionalmente pela Presidência da República – no caso, o indulto de 2014.
Em janeiro de 2020, assumiu a chefia da 4ª Seção do Estado Maior da PMMS, onde atuava na ‘Política e Planejamento de Logística’, com salário de R$ 22.851,93.
Erivaldo José Duarte (Tenente-coronel da PMMS)
Foi comandante da Polícia Militar em Sidrolândia, justamente quando a unidade foi assolada por uma operação contra corrupção. Vários comandados foram presos e na sequência ele pediu aposentadoria, com salário proporcional.
Recebe rendimento fixo de R$ 23.766,00.
Operação Avalanche
A Operação Avalanche é um desdobramento da Operação Oiketicus – cuja primeira fase foi desencadeada em 2018 pelo Gaeco e pela Corregedoria Geral da Polícia Militar e culminou com a prisão de 29 policiais militares, que foram denunciados por corrupção passiva e organização criminosa, por também integrarem a chamada “Máfia dos Cigarreiros”.
As investigações foram iniciadas em abril de 2017 e apontaram que policiais militares de Mato Grosso do Sul davam suporte ao contrabando, mediante pagamento sistemático de propina, interferindo em fiscalização de caminhões de cigarros para que não ocorressem apreensões de cargas e veículos, além de adotarem outras providências voltadas para o êxito do esquema criminoso.
Os cigarreiros agiam associados desde o início de 2015, estruturalmente ordenados e com divisão de tarefas, com atividades desenvolvidas em dois grandes núcleos.
De 2018 para cá, muitos conseguiram ‘contornar’ o escândalo e alguns foram até absolvidos na Justiça Militar.
Considerado ‘menos feio’ na avaliação dos policiais corrompidos, o contrabando de cigarros abre brecha para outras atividades criminais, como o narcotráfico e tráfico internacional de armas.
Da Redação com Midiamax

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