PF deflagra Operação Blackout envolvendo senadores

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Lava Jato fecha o cerco a Renan e outros políticos (Foto: Evaristo Sá/AFP)

Lava Jato fecha o cerco a Renan e a outros políticos
(Foto: Evaristo Sá/AFP)

A Polícia Federal deflagrou hoje (23) a Operação Blackout – a 38ª fase da Operação Lava Jato,  que tem como alvos dois operadores ligados ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) e apura o pagamento de US$ 40 milhões de propinas, ao longo de 10 anos.
Segundo as investigações do Ministério Público Federal (MPF), entre os beneficiários, há senadores e outros políticos, além de diretores e gerentes da Petrobras.
A operação, deflagrada hoje, mira os operadores financeiros Jorge Luz e o filho dele Bruno Luz, que são ligados ao PMDB. A Justiça Federal determinou a prisão preventiva de ambos mas, de acordo com o delegado da PF Maurício Moscardi Grillo, eles estão nos Estados Unidos – Bruno desde agosto de 2016 e Jorge, desde janeiro.
Em nota, o PMDB informou que os operadores “não têm relação com o partido e nunca foram autorizados a falar em nome do PMDB”.
Segundo o procurador da República Diogo Castor de Mattos, Jorge atua como lobista na Petrobras desde a década de 1980. As investigações, entretanto, foram restringidas às atividades do operador nos últimos 10 anos. Nesse período, ele foi um dos responsáveis pelo repasse des US$ 40 milhões a diretores da Petrobras e agentes políticos, dentre eles, senadores.
“São pessoas que ainda estão no cargo, gozando de foro privilegiado. Senadores, principalmente”, disse Mattos, sem detalhar os nome dos beneficiários, adiantando entretanto, “que havia um senador responsável pela divisão dos valores, entre os demais envolvidos”.
Interpol
Os nomes de Jorge Luz e Bruno Luz foram incluídos na difusão vermelha da Interpol. A PF, agora, deve entrar em contato com autoridades estrangeiras para que os dois voltem ao Brasil espontaneamente ou por meio de processo de extradição. Bruno tem cidadania portuguesa.
De acordo com as investigações, os operadores foram identificados como facilitadores na movimentação de recursos indevidos pagos a integrantes das diretorias da Petrobras. A dupla também é suspeita de utilizar contas no exterior para fazer repasse de propinas a agentes públicos, segundo o Ministério Público Federal (MPF).
Pai e filho são investigados pelos crimes de corrupção, fraude em licitações, evasão de divisas, lavagem de dinheiro dentre outros, ainda de acordo com a PF.
Os mandados protocolados pela força-tarefa tiveram como base principal os depoimentos de colaborações premiadas reforçados pela apresentação de informações documentais, além de provas levantadas por intermédio de cooperação jurídica internacional.
Propinas
“Entre os contratos da diretoria Internacional, os alvos são suspeitos de intermediar propinas na compra dos navios-sonda Petrobras 10.000 e Vitória 10.000; na operação do navio sonda Vitoria 10.000 e na venda, pela Petrobras, da Transener para a empresa Eletroengenharia”, disse o MPF.
Para realização dos pagamentos de propina de forma dissimulada, a dupla utilizava contas de empresas offshores na Suiça e nas Bahamas, ainda de acordo com o MPF.
“As prisões foram decretadas para garantia de ordem pública e para assegurar a aplicação da lei penal, tendo em conta a notícia que os investigados se evadiram recentemente para o exterior, possuindo inclusive dupla nacionalidade”, disse o procurador Diogo Castor de Mattos.
Ao autorizar a 38ª fase, segundo o MPF, o juiz federal Sérgio Moro destacou que o caráter serial dos crimes, com intermediação reiterada de pagamento de vantagem indevida a diversos agentes públicos é indicativo de atuação criminal profissional.
Cerveró diz que Renan recebeu propina através de Jorge Luz
Em seu primeiro depoimento na condição de delator da Lava Jato, o ex-diretor da área Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, afirmou ao juiz Sérgio Moro que o senador Renan Calheiros, do PMDB, recebeu propina de dinheiro desviado da Petrobras através de Jorge Luz.
“O Jorge Luz era um operador dos muitos que atuam na Petrobras. Eu conheci o Jorge Luz, inclusive nós trabalhamos, também faz parte de uma propina que eu recebi, que faz parte da minha colaboração na Argentina. E foi o operador que pagou os US$ 6 milhões, da comissão. Da propina da sonda Petrobras 10.000, foi o Jorge Luz encarregado de pagar ao senador Renan Calheiros…”, disse Cerveró. A assessoria de Renan Calheiros disse que ele nega irregularidades.
O nome da operação
Conforme a  PF, o nome da operação é uma referência ao sobrenome dos dois operadores.
“A simbologia do nome tem por objetivo demonstrar a interrupção definitiva  da atuação destes investigados como representantes deste poderoso esquema de corrupção”, disse a PF. Os presos serão levados para a Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba.
O que dizem as defesas
Em nota, a assessoria de imprensa do senador Renan Calheiros reafirmou que a chance de se encontrar qualquer irregularidade em suas contas pessoais ou eleitorais é zero.
“O senador reitera ainda que todas as suas relações com empresas, diretores ou outros investigados não ultrapassaram os limites institucionais. Embora conheça a pessoa mencionada no noticiário, não o vê há dez anos”, diz a nota.
Com G1 PR

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