Plano de segurança vai focar homicídios, tráfico e presídios

Complexo Anísio Jobim (Reprodução/Último Minuto)

Complexo Anísio Jobim
(Reprodução/Último Minuto)

O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, afirmou que o plano nacional de segurança, previsto para ser anunciado pelo governo federal ainda nesta quinta-feira (5), vai se concentrar em três pontos principais: redução do número de homicídios dolosos (com intenção), combate ao tráfico de drogas e armas e modernização dos presídios.
Moraes adiantou pontos do plano, após reunião de ministros da área de segurança com o presidente Michel Temer, no Palácio do Planalto. A rebelião no Complexo Penitenciário Anísio Jobim de Manaus, que culminou com a morte de 56 presos, foi um dos temas tratados.
Objetivos
“O primeiro [objetivo do plano de segurança] é a redução de homicídios dolosos, feminicídio. O segundo é o combate integrado à criminalidade organizada transnacional, em especial combate ao tráfico de drogas e de armas, criminalidade organizada tanto dentro quanto fora dos presídios. O terceiro ponto se liga ao segundo, é a racionalização e modernização do sistema penitenciário”, afirmou o ministro.
Alexandre Moraes afirmou que detalhes do programa serão apresentados na cerimônia de anúncio do novo plano federal. No entanto, ele adiantou que as ações do programa vão envolver cooperação entre União, estados e municípios.
“São três palavras que regem a aplicação do plano: integração, cooperação e colaboração”, enfatizou.
O titular da Justiça afirmou que haverá também parceria com os países vizinhos, em especial para combater o tráfico de armas e de drogas.
Segundo ele, cada país terá em sua capital um núcleo de inteligência para levantar dados sobre o narcotráfico e o crime organizado.
“Nós vamos criar um núcleo de inteligência de policiais em cada uma das capitais. Ele vai contar com agentes da inteligência da PF, PRF, PM, Polícia Civil, da Abin e do sistema penitenciária para levantarem dados, especialmente em relação ao narcotráfico e ao crime organizado, dentro e fora dos presídios”, observou o ministro.
Penas alternativas
Durante a coletiva de imprensa no Palácio do Planalto, o ministro da Justiça defendeu que pessoas que praticaram crimes sem violência ou sem grave ameaça sejam punidas com penas alternativas, restrição de direitos e uso de tornozeleira eletrônica. Segundo ele, essa seria uma maneira de tornar o sistema prisional mais eficiente.
“A pessoa que, numa cidade do interior, pula um muro e furta um botijão de gás, isso é furto qualificado, prisão. A pessoa que, com um fuzil, estoura um caixa eletrônico, atira na polícia, é roubo qualificado, prisão. […] Precisamos tentar abandonar essa ideia”, argumentou Moraes.
Para o ministro, o Brasil “prende muito e prende mal”. Ele citou como exemplo os casos de mulheres que são presas por terem cometido o chamado “tráfico privilegiado” – rés primárias que não fazem parte de organização criminosa e traficaram pequena quantidade de entorpecentes.
O titular da Justiça informou que cerca de 72% das mulheres presas atualmente, são por tráfico de drogas. Cerca de 1,8 mil detentas, ressaltou, estão presas em todo o país provisoriamente por tráfico privilegiado.
Segundo o ministro, o governo pretende aplicar penas alternativas a elas, com a obrigatoriedade do uso de tornozeleiras eletrônicas e a participação de cursos de capacitação.
Por outro lado, Moraes afirmou que o plano a ser divulgado pelo governo deve prever que presos “violentos” devem cumprir, pelo menos, a metade da pena para poder mudar de regime, e não mais somente 1/6 do período da condenação, como determina a legislação atualmente.
“Podemos mudar um outro absurdo que são presos de crimes graves com um sexto da pena estarem na rua. Os presos violentos têm que cumprir, pelo menos, metade da pena”, ponderou o ministro.
‘Falha’ da administração do presídio
O ministro também afirmou que, no episódio do massacre em Manaus, houve falha da empresa que administra o Complexo Penitenciário Anísio Jobim. Segundo Moraes, a empresa tinha a responsabilidade de verificar a entrada de armas e celulares.
“A responsabilidade vai ser analisada pela força tarefa que está fazendo a investigação. O presídio é terceirizado. Não é uma PPP. É uma terceirização dos serviços. De cara, óbvio, houve falha da empresa. Não é possível que entre armas brancas, facões, pedaços de metal, armas de fogo inclusive escopeta”, declarou o ministro.
Moraes destacou ainda que relatórios de inteligência elaborados em outubro de 2016 indicavam que havia possibilidade de fuga na penitenciária da capital amazonense entre o Natal e o Ano-Novo.
“As autoridades locais disseram que tomaram todas as medidas para evitar isso. Isso vai ser apurado pela Polícia Civil”, enfatizou.
Censo nos presídios
O ministro da Defesa, Raul Jungmann, também presente à reunião no Palácio do Planalto, afirmou que a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, solicitou às Forças Armadas apoio para a realização de um censo nos presídios.
De acordo com Jungmann, o pedido está sendo analisado e discutido com a Presidência da República e com a Abin.
“A senhora presidente do STF solicitou o apoio das Forças Armadas para a realização de um censo nos presídios. Estamos em discussão e aguardamos que o senhor presidente da República assim determine para que a gente possa apoiar a realização desse censo”, disse Jungmann.
Com G1 Brasília

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