Pouco caso e desconhecimento
Se durante a campanha presidencial Jair Bolsonaro, oportunamente, se esquivou de participar de debates com os demais candidatos, justamente por não entender “piçirica nenhuma” de gestão da Coisa Pública – apesar de ter estado quase 30 anos na Câmara Federal – , agora está “falando pelos cotovelos”, principalmente para anunciar projetos estrangeiros “inovadores”, em detrimento aos desenvolvidos por engenheiros brasileiros.
É o caso do projeto de dessalinização israelense a ser implantado no Nordeste, sobre o qual pretende obter informações detalhadas com o primeiro-ministro daquele país, Binyamin Netanyahu – que o visita do dia 28 a 31 deste mês, mas que não ficará para a posse no dia 1º de janeiro.
Bolsonaro até já designou seu ministro da Ciência e Tecnologia, o astronauta e empresário de travesseiros Marcos Pontes, para visitar em janeiro, instalações de dessalinização e outros projetos tecnológicos em Israel.
A negociação com Israel faz pouco caso do sistema de filtragem e dessalinização de água com grafeno, desenvolvido por Nadia Ayad – brasileira e negra, formada em Engenharia de Materiais pelo Instituto Militar de Engenharia (IME), do Rio de Janeiro, com o qual ganhou o prêmio internacional, em 2016, do Global Graphene Challenge – competição internacional promovida pela empresa sueca Sandvik, que busca soluções sustentáveis e inovadoras ao redor do mundo, desbancando outros nove finalistas.
O sistema criado por Nadia, torna possível garantir o acesso à água potável para milhões de pessoas, além de reduzir os gastos com energia e a pressão sobre as fontes hídricas usando o grafeno – derivado do carbono, extremamente fino, flexível, transparente e resistente (200 vezes mais forte do que o aço), considerado excelente condutor de eletricidade, que também é usado para a produção de células fotoelétricas, peças para aeronaves, celulares e tantas outras aplicações na indústria.