Setembro assume tom amarelo para sensibilizar sobre o suicídio

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Tendo o dia 10 deste mês como o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) junto com o Conselho Federal de Medicina (CFM) adotaram a data e tingiram o nono mês do ano com a cor do sol criando a Campanha Setembro Amarelo com o intuito de alertar as pessoas para os sinais que alguém dá antes de tentar suicídio. O matiz amarelado, que indica que há luz lá em cima, apesar de alguém se sentir no fundo do poço, é emblemático da tonalidade do astro-rei que marca a mobilização.
Proclamando que “A vida é a melhor escolha”, lema da campanha de 2022, e para levar ao rondonopolitano o tema delicado, mas necessário de ser abordado, o Departamento de Saúde Mental da Rede de Atenção Psicossocial da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) em parceria com a Secretaria de Promoção e Assistência Social (Sempras) elaborou um cronograma de palestras a serem realizadas em diversos locais e para públicos variados ao longo do mês. “Existe uma abordagem específica para cada grupo seguindo uma metodologia adequada para tratar do suicídio de acordo com a idade da plateia”, salienta o coordenador do Departamento de Saúde Mental da SMS, o psicólogo Douglas Vargas.
Definido pelo Ministério da Saúde como uma ação intencional a fim de tirar a própria vida, o suicídio não é solução para acabar com os problemas. No momento em que a pessoa está em desespero e pronta para cometer o suicídio, no extremo da ansiedade para pôr fim à dor que está sentindo, apesar da angústia, é importante que ela pense que estará fazendo uma escolha pelo desconhecido e que não sabe o que vai encontrar no pós-morte, conforme defende o coordenador.
Mesmo estando no século XXI, a humanidade ainda encara o suicídio como um tabu. Questões culturais, morais e religiosas o tornam algo nebuloso e geram um estigma que impede que ele seja debatido e que suas implicações sejam dissecadas a fim de proporcionar maior liberdade para que quem esteja nesse processo possa se abrir e procurar ajuda. “É fundamental desmistificar o assunto e desconstruir o preconceito”, avisa o profissional da SMS.
Em geral, o suicídio está relacionado com problemas de saúde mental. “Entre os principais fatores a desencadear o suicídio estão a depressão, o transtorno bipolar e a dependência de álcool e outras drogas”, relata o psicólogo. Porém, segundo ele, há casos que envolvem situações pontuais, como endividamento ou diagnóstico de uma doença crônica ou fatal em que o sujeito não consegue enxergar uma forma de resolvê-la e prefere abreviar seu sofrimento.
Antes do ato suicida ser consumado acontecem três etapas, segundo o coordenador: “O processo do suicídio acontece em três fases que são a ideação, caracterizada por imagem, pensamentos e desejos de morte, o planejamento e a tentativa de realizá-lo”, descreve Douglas. Raros são os casos que quebram essa regra. “Episódios esporádicos que ocorrem de forma inusitada são, frequentemente, fruto de um problema que a pessoa tem e guarda para si sem dar sinais”, observa.
Sentir a morte à espreita com pensamentos sugestivos e, finalmente, chegar a executar o desejo tem sido cada vez mais comum no Brasil. Os números assustam. O último estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS), realizado em 2019, aponta que no mundo, a quantidade de suicídios atinge a marca de mais de 700 mil registros. Como há muitas situações que não são notificadas, a estimativa é de que a quantidade chegue a um milhão por ano. Entre os brasileiros, os suicídios superam o patamar dos 12 mil. A pesquisa ainda revela que, enquanto foi constatada queda nos índices de suicídio nos diversos países do globo, a curva sobe em terras do continente americano.
Contudo, é possível evitar essa realidade e, para identificá-la não se pode menosprezar indícios que as pessoas dão, seja verbalizando o desejo de dar fim à própria vida ou, mesmo, com atitudes que denotam essa vontade como reclusão, desmotivação a atividades que antes geravam entusiasmo, ausência de perspectivas, apatia para empreender projetos e isolamento. Douglas frisa que o suicídio muitas vezes é anunciado e que aqueles que estão próximos muitas vezes deixam os comentários passarem despercebidos ou naturalizam as manifestações expressas.
“É preciso estar atento a frases de alerta como aquelas que o indivíduo emite compartilhando que não tem expectativas de solução de seus problemas, não tem mais vontade de viver, entre outras, pois elas são uma forma de pedir ajuda. Amigos e parentes, ao notarem esse comportamento, devem ter uma conversa franca e direta, perguntando se a pessoa está pensando em suicídio. E, para ajudá-la é importante levá-la a um psicólogo ou psiquiatra”, orienta o coordenador, que complementa que é o profissional de saúde mental vai poder verificar se a situação está muito intensa e se existe um alto risco do indivíduo tentar chegar à morte. Se sim, será preciso optar pela internação.
Ele esclarece que a participação da família tem grande valor e que todos devem estar tentos ao paciente e tirar do seu acesso instrumentos e materiais que possam ser utilizados para acabar com a vida, como facas, objetos perfurocortantes, remédios e substâncias que possam ser ingeridos em demasia. “Deve-se criar uma rede de cuidados. O médico, normalmente, é imperativo e impõe que o paciente fique sob vigilância e esteja sempre em companhia de alguém até que os medicamentos antidepressivos façam efeito. O tratamento se dá pela associação da medicação à psicoterapia e aos cuidados em casa. Então é necessário que ele esteja aos olhos dos outros até a remissão dos sintomas”, acentua.
Douglas vê o suicídio como uma questão holística e pontua: “É fundamental destacar que o sofrimento da população passa pelas questões sociais, econômicas e políticas, sendo que a causa dos adoecimentos de um povo são também responsabilidade dos gestores que podem garantir o acesso aos tratamentos necessários, disponibilização de profissionais capacitados e garantia de direitos”.
O psicólogo também dá um recado para quem se encontra em vias de cometer suicídio: “É importante que as pessoas que estão no extremo, prestes a executarem o ato, optem pela vida, acreditem que existem outras opções para aliviar aquele sofrimento e que peçam ajuda para alguém próximo ou em alguma unidade de saúde. Que o indivíduo em sofrimento possa questionar as ideias de ‘não tem mais saída pra mim’ ou ‘somente a morte vai aliviar essa dor’. Morrer é um salto no desconhecido, não há garantia de que o alívio virá com a morte. Então toda a ajuda enquanto há vida é bem-vinda. Há várias possibilidades de ajuda como medicação, psicoterapia, terapias alternativas e também o tempo, que vai permitir a elaboração dos traumas e causas da dor”.
Confira, abaixo, a programação da SMS para o Setembro Amarelo.
CRONOGRAMA DO SETEMBRO AMARELO – 2022
Cuidados e prevenção de riscos em saúde mental
– 06/09/2022 (Terça): Palestra Inaugural do mês temático
Local: Auditório da Prefeitura
Palestrante: Alcindo Rosa
Horário: 18h
Público: Equipes de saúde, gestores, usuários
– 08/09/2022 (Quinta): Plantão de Saúde Mental na Praça dos Carreiros
Local: Praça dos Carreiros
Plantonistas: Douglas, Leonardo e Lázara.
Horário: 7h30 a 8h30
Público: público em geral
– 09/09/2022 (Sexta): Prevenção e cuidados com relação à temática do suicídio
Local: Aldeia Tadarimana
Palestrante: Cristina Lopes da Conceição e Nadir Alves de Paiva
Horário: 8h30
Público: Moradores da comunidade e equipes do local
Contato local: Thiago Aiamari (Psicólogo – 99715-4213)
– 12/09/2022 (Segunda): Prevenção e cuidados com relação à temática do suicídio
Local: CENTRO POP
Palestrante: Mário Luiz Ferreira Dias Junior
Horário: 14h
Público: População em situação de rua usuária do serviço
Contato local: Patrícia (Coordenadora – 99979-8103)
– 13/09/2022 (Terça): Prevenção e cuidados com relação à temática do suicídio
MANHÃ
Local: CRAS CÉU
Palestrante: Marcelo Rodrigues
Horário: 8h
Público: Grupo de mulheres e idosos do CRAS.
Contato local: Rafael Coelho (Coordenador – 98419-9465)
TARDE
Local: CRAS Iguaçu
Palestrante: Lázara Mariana Lima de Moraes
Horário: 14h
Público: Grupo de mulheres e idosos do CRAS.
Contato local: Maria José (Coordenadora – 98421-0425)
– 14/09/2022 (Quarta): Prevenção e cuidados com relação à temática do suicídio
Local: CRAS Alfredo de Castro
Palestrante: Jéssica Da Silva Rezende
Horário: 8h
Público: Grupo de mulheres e idosos do CRAS.
Contato local: Rosália de Jesus (Coordenadora – 98419-6064)
– 15/09/2022 (Quinta): Prevenção e cuidados com relação à temática do suicídio
Local: CRAS Luz D’Yara
Palestrante: Simone Patrícia dos Santos e Sandra Helena dos Santos
Horário: 8h
Público: Grupo de mulheres e idosos do CRAS.
Contato local: Karla Nunes (Coordenadora – 98412-7167)
– 16/09/2022 (Sexta): Prevenção e cuidados com relação à temática do suicídio
MANHÃ
Local: CRAS Ana Carla
Palestrante: Mariá José Miranda Rocha
Horário: 8h
Público: Grupo de mulheres e idosos do CRAS.
Contato local: Élida Alves (Coordenadora – 98421-0285)
TARDE
Local: CRAS Rio Vermelho
Palestrante: Gilberto Pereira Rodrigues
Horário: 14h
Público: Grupo de mulheres, gestantes e idosos.
Contato local: Edilaine de Souza (Coordenadora – 98413-0269)
– 19/09/2022 (Segunda): Plantão na Praça da Saudade
Local: Praça da Saudade
Plantonistas: Douglas, Leonardo.
Horário: 7h30 a 8h30
Público: público em geral
– 20/09/2022 (Terça): Prevenção e cuidados com relação à temática do suicídio
Local: Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) Padre Lothar (Antigo Centro Social Urbano)
Palestrante: Katiane De Souza Passos Silva
Horário: 14h até 15h
Público: Adolescentes acima (13anos acima) – (Estarão presentes os adolescentes da Vila olímpica e do Abrigo)
Contato local: Jhonantan Vieira (Coordenador da Vila olímpica – 98413-0125)
– 21/09/2022 (Quarta): Prevenção e cuidados com relação à temática do suicídio
MANHÃ
Local: CRAS Conjunto São José
Palestrante: Simone Patrícia dos Santos e Sandra Helena dos Santos
Horário: 8h
Público: Grupo de mulheres e idosos do CRAS.
Contato local: Carmem Divina (Coordenadora – 98413-2034)
TARDE
Local: Centro Socioeducativo
Palestrante: Leonardo José Campos
Horário: 13h
Público: Adolescentes em privação de liberdade
– 22/09/2022 (Quinta): Roda de conversa sobre saúde mental e prevenção ao suicídio
TARDE
Local: Casa da Bia (Moradia/associação de mulheres trans)
Palestrante: Denise Barros e Thayná Carvalho Silva
Horário: 14h a 15h30
Público: Mulheres Trans
Contato local: Kelly (Liderança – 99939-1886)
NOITE
Local: Kobra
Palestrante: Mariá José Miranda Rocha
Horário: 18h
Público: pais dos alunos da unidade.
Contato local: Josilene (99652-5769)
– 30/09/2022 (Sexta): Tema: Saúde Mental
Local: Unidade de Vigilância em Zoonoses em conjunto com o Centro de Reabilitação Animal
Palestrante: Mariá José Miranda Rocha
Horário: 8h
Público: Servidores

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