Amaggi adquiriu 70% dos subsídios federais do milho

(Divulgação/Amaggi)

(Divulgação/Amaggi)

A Amaggi, empresa controlada pela família do ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) Blairo Maggi (PP), adquiriu cerca de 70% do subsídio leiloado no Prêmio de Escoamento do Produto (PEP) para subvencionar o transporte de milho, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), acessados pela Agência Reuters.
Uma das maiores empresas do agro-negócio da América Latina, a Amaggi – sediada em Cuiabá (MT) – arrematou prêmios, para apoiar o transporte de cerca de 730 mil toneladas de milho até dia 13 deste mês, de um total de pouco mais de 1 milhão de toneladas negociadas em leilões desde o dia 4 de maio passado, quando o governo federal iniciou o programa.
Os leilões de PEP são uma forma de viabilizar negócios de produtos agrícolas, a valores que cubram pelo menos os custos de produção dos agricultores, em momento de colheita abundante. Isso porque, para receber o prêmio, os comerciantes têm que pagar preços mínimos.
Situação incomum
Mesmo os subsídios tendo sido conquistados em leilões – o que, num primeiro momento, se descarta de que Maggi tenha agido para favorecer sua empresa -, os resultados de um modo geral, ressaltam – no mínimo – uma situação incomum no Brasil: a de que o titular do MAPA, é um dos acionistas majoritários de uma das mais importantes companhias do agronegócio brasileiro e mundial, juntamente com sua mãe e suas quatro irmãs.
Diz ainda a Reuters, que praticamente todos os leilões deste ano, foram voltados para o milho de Mato Grosso, o maior produtor brasileiro do cereal, onde a Amaggi tem atuação mais forte e onde os preços também sofreram mais o efeito de uma colheita recorde. Isso exigiu o programa do governo, que por lei precisa garantir uma remuneração mínima aos agricultores.
O outro lado
A Amaggi, ao ser questionada pela Reuters sobre o assunto, destacou que o PEP é estabelecido por portaria interministerial (ministérios da Fazenda, Planejamento e Agricultura) –e não apenas pela pasta dirigida por Blairo Maggi-, que estabelece condições uniformes e isonômicas no programa.
Questionada sobre a elevada taxa de prêmios arrematados no leilão, a Amaggi não detalhou sua estratégia, mas apontou o fato de ter “relacionamento histórico com uma rede extensa de produtores” como fator de sucesso.
“Cada empresa tem a sua própria estratégia comercial e, no caso em questão, comercialmente fez sentido naquele momento para a Amaggi participar do leilão”, afirmou a companhia em nota à Reuters, acrescentando que pretendia participar de novos leilões.
Da Redação com Brasil 247

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

f