As laranjas podres do cesto
O brasileiro tem o péssimo costume de considerar a honestidade das pessoas, pela aparência ou mesmo por cargos que ocupam.
A magistratura, apesar das imperfeições humanas, deve ter em seu seio pessoas acima de qualquer suspeita, justamente porque seus integrantes são os aplicadores das leis aos cidadãos.
Entretanto, também entre eles há os que se desviam por caminhos obscuros e acabam por manchar a imagem da Justiça.
É o caso do juiz federal Flavio Roberto de Souza – flagrado em 2015, dirigindo o Porsche de Eike Batista – que foi condenado a 52 anos de prisão por desvio e lavagem de dinheiro que estava sob sua responsabilidade, em dois processos que respondia na Justiça Federal.
Desvios
Flávio Roberto quando era o titular da 3ª Vara Federal Criminal do RJ, desviou para seu benefício R$ 106 mil obtidos com a venda do carro do traficante espanhol Oliver Ortiz, preso em uma operação da Polícia Federal (PF), utilizando parte do dinheiro (R$ 90 mil) para comprar um veículo para sua filha.
O outro processo em que foi condenado, é relacionado ao desvio de R$ 290,5 mil que estavam em uma conta da Justiça Federal, que foram utilizados por ele para a compra de um carro Land Rover Discovery, além de ter se apropriado de US$ 105,6 mil e 108,1 mil euros, que foram usados para a compra de um apartamento na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, segundo o Ministério Público Federal (MPF).
Para tanto e na tentativa de esconder a manobra, o ex-juiz federal lançou decisões falsas no sistema, tendo ainda destruído provas e partes do processo para ocultar as irregularidades que praticou.
Flávio Roberto de Souza, além de perder o cargo público e da prisão, terá que pagar multa de R$ 599 mil, conforme a decisão do juiz Gustavo Pontes Mazzocchi, da 2ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro.
O mais irônico nisso tudo, é a alegação da defesa nos processos, de que ele possuía problemas mentais e sofria de depressão.