Assassino do Postinho de Primavera tinha indicação para internação em hospital psiquiátrico
Tragédia aconteceu na última quinta (25) em Primavera do Leste, deixando agente morta e médica ferida
A secretária de Saúde de Primavera do Leste, Laura Alberto Basílio, disse ontem que o autor da tragédia que ocorreu na unidade de Estratégia da Família (ESF) do bairro São José, naquela cidade na quinta-feira da semana passada, já tinha uma indicação médica para internação em um hospital psiquiátrico.
A médica Jaqueline Matos da Croce, de 31 anos, (grávida de cinco meses) e a agente de saúde Regy Rouse Lopes de Oliveira (50 anos) foram esfaqueadas na unidade de Saúde por Antônio Anderson, de 34 anos, que estaria em surto psicótico. A agente não resistiu aos ferimentos recebidos no tórax e Jaqueline, atingida no abdômen, segue internada, em lenta recuperação.
A secretária negou que os crime tenha sido motivado por um suposto “mau atendimento”, como o acusado havia revelado em depoimento à Polícia, e disse que os médicos já haviam alertado a família sobre um possível quadro de surto psicótico, já que o assassino havia sido diagnosticado ser portador de transtorno mental.
Ainda segundo Laura Basílio, o paciente realizava o acompanhamento no Centro de Atenção Psicossocial (Caps), porém tinha baixa adesão ao tratamento e não utilizava a medicação corretamente.
No mês de julho o homem foi atendido por Jaqueline e recebeu uma receita para 60 dias de medicação. Um dia antes da tragédia, ele foi até a unidade para marcar o retorno, que foi agendado para a sexta-feira (27).
“Não houve nenhuma queixa por parte do paciente, não houve mau atendimento, não houve reclamação”, afirmou a secretária.
Histórico do paciente
Segundo a secretária, o primeiro atendimento do paciente pelo Caps foi registrado em 2020 e contou com psicólogos, assistentes sociais e médicos. Depois disso ele teria ficado cerca de um ano, sem retornar à unidade.
“Ele tinha uma baixa adesão aos medicamentos e toda a terapia ofertada por aquela unidade”.
Em maio deste ano a mãe dele procurou a unidade do Caps, pedindo ajuda para a internação.
“O médico fez toda a orientação à família a respeito, inclusive, da possibilidade de surto psicótico. Que a mesma deveria chamar o SAMU caso isso acontecesse e mais uma vez trocou a medicação e pediu a vigilância da família”, afirmou.
Dois meses depois a mulher retornou, alegando que o filho não apresentou melhoras. O médico solicitou a internação dele no Hospital Psiquiátrico Paulo de Tarso, em Rondonópolis. No mesmo mês a central conseguiu uma vaga para o rapaz, mas ele nunca foi internado.
Na Unidade de Pronto Atendimento a mãe teria sido orientada por uma assistente social para, assim que estivesse com o filho, acionasse o SAMU, que possui equipe especializada para o procedimento de translado. “A coordenação local e também a coordenação estadual, NOS repassaram, que não houve chamamento do SAMU”, destacou a secretária.
Laura afirmou que nos últimos três meses a Secretaria de Saúde, por meio do SAMU, atendeu mais de 50 pacientes em surto psicótico e sempre que acionados estão a postos para realizar o atendimento.
Ela explica que o tratamento psiquiátrico é de responsabilidade do município e do Estado, mas que a família deve estar envolvida no acompanhamento e monitoramento dele. “Esse fato poderia ter ocorrido não só em um posto de Saúde, mas em qualquer outro lugar, como na rua, escola ou até mesmo no ambiente familiar”, salientou ela.
Laura lamentou a fatalidade e enalteceu o profissionalismo de ambas as profissionais. “Jaqueline atua na unidade há 7 anos, e Regy trabalhava no local, há 15 anos. São servidoras excelentes, assim como toda a equipe, que foi premiada como melhores do ano em um programa da Secretaria Municipal de Saúde”. ressaltou.
A ESF onde ocorreu o trágico caso, permanece fechada esta semana para acompanhamento dos servidores, que ainda estão muito abalados com o ocorrido.
Da Redação com MidiaNews