Atoleiros na BR- 163 causam perdas de R$ 50 milhões

Atoleiros paralisaram o tráfego (Foto: Só Notícias)

Atoleiros paralisaram o tráfego
(Foto: Só Notícias)

Devido ao período das chuvas, cerca de 5 mil caminhões estão parados na BR – 163 que liga Cuiabá a Santarém e as transportadoras já contabilizam prejuízo de R$ 50 milhões, segundo estimativa do presidente do Movimento dos Transportadores de Grãos (MTG) e da União do Transporte Rodoviário de Carga (UTRC), Gilson Baitaca. A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) e a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) calculam perdas diárias de US$ 400 mil, com a interrupção no tráfego dos caminhões que transportam as mercadorias.
Os pontos de atoleiros pioraram nos últimos 15 dias e refletiram na contabilidade da indústria e dos transportadores, que estimam uma cifra milionária com base nos dias em que os caminhões estão retidos na rodovia.
Contudo, como algumas transportadoras precisam cumprir contratos com as tradings que embarcam os grãos nos portos do Arco Norte, os caminhões que conseguem retornar às principais regiões produtoras de Mato Grosso, voltam a trafegar na rodovia federal em direção ao Norte brasileiro. “Por ter contrato com a trading, a transportadora vem até Sorriso e Sinop e volta para o Pará”, afirma o dirigente.
A cada ano aumenta o volume de soja direcionada aos portos do Pará (Miritituba, Santarém e Vila do Conde/ Barcarena). Junto com o porto de Santana (AP), Itaqui/São Luís (MA) e Itacoatiara (RO) eles integram a infraestrutura portuária do Arco Norte. Nos últimos 4 anos, a quantidade de soja mato-grossense destinada ao mercado internacional por meio do Porto de Itaqui, por exemplo, aumentou em 180%, segundo estudo da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgado este mês. Em 2016, o terminal portuário recebeu 1,4 milhão de toneladas do grão proveniente de Mato Grosso. Em direção ao porto de Barcarena, os embarques da soja mato-grossense aumentaram em 100% desde 2014, aponta a Conab. Em 2016 foram enviadas ao mercado internacional 2,2 milhões (t) de soja a partir do terminal paraense. De acordo com a Abiove e a Anec, cerca de 7 milhões (t) de soja e milho serão embarcadas pelos portos de Miritituba e Santarém. “O tráfego de caminhões para essa região triplicou com as operações da Bunge, Cargill e Fiagril direcionadas para lá”, pontua Baitaca.
Em nota, a Abiove reportou a estimativa de prejuízos diários de US$ 400 mil por não poder embarcar mercadoria nos portos por causa da interrupção no tráfego na BR-163, a partir de Sinop até Itaituba (PA). Caso a rodovia se mantenha intransitável na extensão de 178 km entre o norte mato-grossense e o sul do Pará, todo o país sofrerá danos irrecuperáveis, alerta a Abiove. No cálculo dos prejuízos considerou-se a elevação dos custos, sobre-estadia (demurrage), descumprimento de contratos, riscos financeiros com produtores e armazéns.
Para se ter uma ideia, para percorrer mil quilômetros com a mercadoria transportada, há caminhoneiros que demoram 14 dias, tempo suficiente para ir e voltar até os portos de Santos (SP) ou Paranaguá (PR).
Para os sojicultores, a pausa no escoamento da produção preocupa. No médio-norte mato-grossense, que origina o maior volume de soja do Estado, restam 30% da área plantada para ser colhida e os armazéns já estão repletos de soja, diz o presidente do Sindicato Rural de Sinop e coordenador da Comissão de Logística da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), Antônio Galvan.
Esta semana, Galvan diz ter ficado surpreso com o pequeno fluxo de caminhões na rodovia. “Na altura do pedágio de Nova Mutum, sentido Cuiabá, contei 28 caminhões graneleiros. Se houvesse um fluxo normal, seriam 200 caminhões, no mínimo”. Com a retenção dos caminhões nos pontos de atoleiro da BR-163 no Pará, o frete já começa a subir, completa Galvan. O acúmulo de caminhões parados na rodovia levou a fila de aproximadamente 60 km. O trecho mais caótico envolve 35 km da rodovia com diversos pontos de atoleiros, entre o município paraense de Trairão – que decretou situação de emergência -, o distrito de Caracol e a comunidade de Santa Luzia, que não é pavimentado, explica Galvan.
O pior de toda essa situação é enfrentado pelos caminhoneiros, com a falta de água para beber e tomar banho, escassez de alimentos, combustível e o receio de contrair febre amarela. “Encontraram um macaco morto lá e alguns caminhoneiros chegaram a armazenar água de chuva em lonas para poder beber”, descreve o presidente do MTG e da UTRC. As condições degradantes provocam atritos entre os caminhoneiros. Alguns despejaram a soja na pista para esvaziar os caminhões, detalha Baitaca.
O MTG voltou a cobrar providências do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), assim como da Agência Nacional de Transporte Terrestres (ANTT) e do Ministério dos Transportes (MT). O departamento divulgou nota oficial, na qual afirma que o governo federal tomará providências durante o feriado prolongado de Carnaval. As medidas incluem distribuição de mantimentos, medicamentos e água aos motoristas que estão nos locais.
Reforços da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e do Exército se integraram às equipes do DNIT já mobilizadas para o local ontem (sábado), com objetivo de executar serviços de manutenção na rodovia e liberação do tráfego. “Será criado um grupo local de monitoramento e operação do tráfego envolvendo o DNIT, PRF, transportadoras e os embarcadores para que as decisões sejam tomadas em conjunto, regulando a intensidade do tráfego e as atividades de manutenção a fim de garantir o fluxo contínuo na rota de escoamento da safra”, conclui a nota do departamento.
Com informações A Gazeta

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