Capital gaúcha cria o “Dia do Patriota”, a ser comemorado anualmente em 08 de janeiro

Projeto não menciona as invasões e nem o motivo de escolha da data (Arquivo/Folha de São Paulo)

Projeto não menciona as invasões e nem o motivo de escolha da data
(Arquivo/Folha de São Paulo)

Enquanto para a grande maioria de brasileiros o dia 08 de janeiro deste ano ficou marcado como o “Dia do Extremismo Bolsonarista”, pelo projeto de lei do agora cassado vereador Alexandre Bobadra (PL), Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, passou a ter incluída a data no seu calendário de datas comemorativas como o “Dia do Patriota”, a ser comemorado, anualmente.
No projeto de Bobadra, apresentado em março, não são mencionados as invasões na capital federal, por apoiadores bolsonaristas, aos prédios dos Três Poderes, ocorridas no dia 08 de janeiro deste ano, nem o motivo da escolha da data.
Na justificativa do então vereador, foram apresentadas diversas definições do que vem a ser patriotismo, usando citações do jurista Miguel Reale Jr., do filósofo Luiz Felipe Pondé e do escritor Olavo de Carvalho, considerado o “guru” do bolsonarismo.
“Por que no Brasil, quem se considera patriota torna-se motivo de chacota? O Brasil hoje enfrenta um perigoso processo de extinção, do que é seu patriotismo. São diversas as vanguardas de ataque: a mídia, o ensino, as entidades globalistas, as universidades, a cultura militante”, diz o texto de apresentação do projeto de lei de Bobadra.
Na justificativa também, Bobadra não cita explicitamente Bolsonaro, mas usa discurso semelhante ao do ex-presidente e dos apoiadores. “Estão prontos até para taxar de fascistas, os que tomam a peito trazer algum patriotismo para o país”, diz o ainda vereador, no documento.
De março a junho de 2023, a proposta passou pelas três comissões permanentes do Legislativo porto-alegrense, recebeu pareceres positivos e seguiu para a sanção do prefeito Sebastião Melo (MDB), que não sancionou nem vetou a lei durante os 15 dias de prazo, o que fez com que o projeto retornasse para a mesa do presidente da Câmara, Hamilton Sossmeier (PTB), que promulgou o texto no dia 7 deste mês de agosto.
Cassação
Bobadra viu sua ideia virar lei e, após uma semana, teve o mandato cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul (TRE-RS), pelo crime de abuso de poder econômico e uso indevido dos meios de comunicação, durante as eleições de 2020. Ainda cabe recurso ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
A decisão ainda declarou que os votos do parlamentar deveriam ser anulados e os cálculos dos quocientes eleitoral e partidário refeitos. A vaga de Bobadra, foi ocupada pelo vereador Cláudio Conceição  do União Brasil.
Da Redação com CNN

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