CNJ afasta juiz que queria recolhimento de urnas eletrônicas

Cubas foi afastado por determinação do ministro Humberto Martins (Blog do Magno Martins)

Cubas foi afastado por determinação do ministro Humberto Martins
(Blog do Magno Martins)

Aceitando a reclamação disciplinar formalizada pela Advocacia-Geral da União (AGU), que alega que o juiz federal Eduardo Luiz Rochas Cubas se utilizou de sua posição para atingir objetivos políticos, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) determinou, ainda ontem, o afastamento temporário do magistrado que é titular do Juizado Especial Federal Cível da Subseção Judiciária de Formosa (Goiás) e presidente da Unajuf (União Nacional dos Juízes Federais).
Conforme a AGU, Cubas pretendia determinar o recolhimento de urnas eletrônicas pelo Exército às vésperas das eleições, a serem realizadas no dia 7 de outubro. A ação seria realizada a partir de uma liminar, concedida no âmbito de uma ação popular, que questiona a segurança e a credibilidade dos equipamentos.
Segundo o corregedor nacional de Justiça, ministro Humberto Martins, a reclamação foi aceita por entender que a intenção implica em “graves violações dos deveres funcionais de magistrado”. Segundo a AGU, A Lei nº 10.259/11 – que regulamenta os juizados especiais federais – dispõe expressamente que tais juizados não têm competência para julgar ações populares (art. 3, § 1º, inciso I), o que torna o comportamento de Cubas suspeito.
Reunião com militares
Na reclamação disciplinar também foram registradas outras condutas ilícitas do magistrado, segundo a AGU: Cubas deixou de digitalizar os autos, conferiu ao processo sigilo judicial sem qualquer fundamento legal e não intimou a União para tomar conhecimento da ação. Além disso, Cubas foi pessoalmente ao Comando do Exército, em Brasília, onde se reuniu com militares para antecipar o conteúdo da decisão que prometeu proferir no dia 5 de outubro, com a expectativa declarada de que as Forças Armadas pudessem desde já se preparar para o cumprimento da determinação futura, que receberia para recolher urnas.
O documento também cita a manifestação do magistrado em vídeo publicado no Youtube, ao lado do deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho de Jair Bolsonaro, onde fala sobre a “absoluta falta de segurança das urnas” e questiona se o Tribunal Superior Eleitoral pode garantir a confiabilidade do sistema eleitoral brasileiro. A AGU entende que Cubas utilizou-se de sua posição de magistrado para atingir objetivos políticos, “adotando medidas que poderiam inviabilizar a realização das eleições em outubro” e que “pelo viés ideológico, buscou desacreditar o voto, incentivando uma radicalização do discurso eleitoral que suprime a racionalidade essencial ao Estado de Direito”.
Cubas foi afastado do cargo até o dia 9 de outubro, quando será realizada a próxima sessão do CNJ.
Que se aplique a Justiça, também a quem deveria resguardá-la e não se posicionar, tendenciosamente, a favor deste ou daquele candidato.
Com Carta Capital

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

f