Covid-19 e a sociedade

Médico Diogenes Garrio de Carvalho (Notícias de Saúde)

Médico Diógenes Garrio Carvalho
(Notícias de Saúde)

“O Covid-19 nos têm feito refletir muito como sociedade e como deverá ser o mundo, daqui para a frente. Estamos vivendo um período único da grande maioria das pessoas da nossa geração, com a pandemia do Covid-19.
No começo, parecia algo de pouca importância mundial; países e pessoas, não deram importância ao que acontecia em uma província desconhecida da China. Porém, ganhou proporções inimagináveis. País atrás de país entrando em alerta ou em colapso, devido a esta “praga”. Com cada um atuando de uma maneira diferente, pois estamos lidando com o desconhecido. Uns, obtiveram até o momento mais êxito ou estão saindo com menos perdas do que outros. Reforço, normal devido estarmos lidando com o desconhecido. Cientistas no mundo todo estão há meses debruçados tentando entender esta doença e até agora só muitas incertezas.
O que sabemos, é que até o momento estamos lidando com uma variante do vírus corona que tem uma taxa de transmissão não muito alta para os padrões científicos: cada pessoa infecta em média outras 2,5. Para se ter ideia, uma pessoa infectada por sarampo contamina outras 15, porém por apresentar uma quantidade muito grande de assintomáticos. Este fato, tem dificultado se fazer uma análise mais realista, da quantidade de infectados no mundo todo.
Vivemos numa época em que tudo acontece rápido, por conta da facilidade de acesso à informação. O assunto de agora, daqui uma hora já é passado ou já mudou de rumo.
No Brasil, no entanto, estamos tendo uma forma muito peculiar de lidar com algo horrível, mortal e ainda imprevisível. O que temos acompanhado, são governantes agindo com o estômago, com interesses particulares ou interesses escusos e não com a Ciência. E pior, cada um por si. E o que vemos, é uma chuva de ações desconexas, esdrúxulas e por vezes superfaturadas. Mas não é essa questão, que quero abordar aqui neste momento.
Estamos envolvidos desde o começo, em um jogo de força entre os entes públicos, em que somos levados a tomar um lado. Ou então, estar sujeitos a críticas muitas vezes pesadas e injustas. Isso se deve ao fato, de que nossa sociedade está dividida e doente há muitos anos, onde, se você é contra o que penso, você é contra mim. Em qualquer assunto. E mais uma vez, com uma doença tão delicada, estamos nos dividindo.
E nesse descompasso de ideias, o vírus está encontrando terreno fértil para se disseminar e levar nossos cidadãos. A Ciência, que deve nortear as decisões, é deixada de lado sem o menor pudor por parte destes governantes. E também não podemos deixar de fora, o descaso como boa parte da população vem tratando deste assunto, como se fosse um resfriado não entendendo a gravidade do que está ocorrendo.
Até agora, mais de 24 mil brasileiros já faleceram devido a doença. E nenhum sinal de bom senso, de qualquer lado. O Brasil, é um país continental e como tal deveria haver estratégias regionalizadas, pois uma única forma de pensar e agir não serve para as diversidades que temos.
Devíamos estar realizando testes em massa na população para podermos, de fato, agir com responsabilidade e com informação. Mas, não é isso que importa. Não há nem controle dos nossos profissionais, que estão na linha de frente dessa batalha. E por isso, temos tantos casos da doença e morte entre eles. Como traçar planos de isolamento ou abertura de comércio, se não sabemos onde estamos pisando?
Vemos tentativas de forçar tratamentos e medidas de controle social, sem a comprovação cientifica de eficácia, simplesmente por ego ou achismo. Mais uma vez, a comunidade cientifica é deixada de lado. E esta situação é frustrante, considerando que temos grandes nomes, de imenso respeito mundial na área em nossas trincheiras, que não estão sendo ouvidos.
O tratamento deve SEMPRE ser norteado, pelos estudos científicos que temos a disposição até o momento, desde os casos mais leves da doença, até aqueles graves que necessitam de internação. E acrescento, nos casos mais leves este tratamento tem que ser discutido para se chegar em consenso entre as únicas partes que importam nesse processo, que são o médico e o paciente, devidamente pautados pela Ciência. Devemos ouvi-la todos os dias, pois coisas novas aparecem; novas descobertas são feitas.
O Covid-19 mata jovens e idosos, homens e mulheres, conservadores e progressistas, não escolhendo a quem. Mata, porque nosso organismo ainda não consegue se proteger. Somente com a vacina, teremos paz de novo.
A mensagem que quero deixar aos leitores neste contexto, é que temos que deixar de lado qualquer diferença e cuidar de si e do que está ao seu lado. Estamos diante de algo grave, destruindo vidas em todo mundo, o que provavelmente mudará o modo como nos relacionamos com nossos familiares, amigos, colegas e sociedade, no mundo todo. Deixemos as diferenças de lado. A hora, é de cuidar de quem se ama e do próximo.
Deixo para reflexão:
“Gostaria de uma sociedade mais justa, menos corrupta, com menos hipocrisia, mais digna, com mais amor ao próximo, menos preconceito, menos rancor e, principalmente, mais paz na alma.” (Albert Einstein)”
Diógenes Garrio Carvalho – Médico do Trabalho e Saúde do Idoso do Grupo Gera Medicina
Maio/2020

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