Deu prá trás

O novo ministro da Saúde, o oncologista Nelson Luiz Sperle Teich, empossado por Jair Bolsonaro na tarde de hoje em substituição a Luiz Henrique Mandetta, iniciou seu discurso de posse enfocando a questão do isolamento social contra o coronavírus, prometendo não fazer nenhuma mudança brusca no caminho adotado até aqui, mas ressaltando a importância de se flexibilizar a quarentena, o mais cedo possível, o que Bolsonaro havia defendido, minutos antes, em sua fala.
Teich, que foi consultor informal na campanha de Bolsonaro e cotado para assumir o Ministério da Saúde após a eleição, em um artigo seu publicado recentemente no LinkedIn sobre o coronavírus, sob o título “COVID-19: Como conduzir o Sistema de Saúde e o Brasil”, salientou que o isolamento horizontal, ao contrário do que defende Bolsonaro, é a melhor estratégia para o momento.
No texto, o agora ministro afirmava que, “ Diante da falta de informações detalhadas e completas do comportamento, da morbidade e da letalidade da covid-19, e com a possibilidade do Sistema de Saúde não ser capaz de absorver a demanda crescente de pacientes, a opção pelo isolamento horizontal, onde toda a população que não executa atividades essenciais precisa seguir medidas de distanciamento social, é a melhor estratégia no momento” e que o isolamento vertical defendido por Bolsonaro, “aponta que tem fragilidades e não representaria uma solução definitiva para o problema, como exemplo, sendo real a informação que a maioria das transmissões acontecem a partir de pessoas sem sintomas, se deixarmos as pessoas com maior risco de morte pela Covid-19 em casa e liberarmos aqueles com menor risco para o trabalho, com o passar do tempo teríamos pessoas assintomáticas transmitindo a doença para as famílias, para as pessoas de alto risco que foram isoladas e ficaram em casa. O ideal seria um isolamento estratégico ou inteligente”.
Como se pode ver, hoje, empossado no cargo, a conversa passou a ser outra.
Convenientemente, of course!