Justiça mantém prisões de 72 PMs acusados de 24 assassinatos em MT

(Reprodução/GD)

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A 11ª e 12ª Varas criminais de Cuiabá concluíram na noite de ontem, 72 audiências de apresentação dos policiais militares, investigados na “Operação Simulacrum”, deflagrada pela Polícia Civil, em conjunto com o MPE, na última quinta-feira (31).
Os envolvidos – que na época em que ocorreram os fatos, encontravam-se lotados nos batalhões Rotam, Bope e Força Tática do Comando Regional 1 – tiveram mantidas as prisões temporárias por até 30 dias, em celas localizadas em batalhões da Polícia Militar de Cuiabá e Várzea Grande, sendo que quatro acusados são do interior do Estado e permanecerão em suas lotações de origem.
A operação foi deflagrada com base em seis inquéritos. A investigação aponta a existência de um grupo responsável pelo assassinato de 24 pessoas e outros quatro sobreviventes em Cuiabá e Várzea Grande, que foi denunciado por um vigilante de empresa privada, que sob delação premiada, decidiu colaborar com a Justiça.
O vigilante R.C.S. admitiu em seu depoimento à Polícia Civil, que atraía criminosos para determinados locais, com o intuito de cometer crimes contra o patrimônio. A partir do momento que criminosos chegavam a estes locais, disse ele, eram sumariamente executados pelos policiais militares, em falsos confrontos.
Em depoimento à Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), R.C.S. revelou que sua aproximação com policiais militares começou após um roubo na casa do seu sogro, que é irmão do coronel da PM Esnaldo, o qual pediu ajuda para prender os criminosos, lhes dando carta branca para “fazer o que quisesse” com os autores do delito. A partir daí, admitiu que passou a ser utilizado pela PM como  “isca”  para atrair delinquentes, que eram  executados em falsos confrontos.
“R.C.S, em seus interrogatórios delatou com riqueza de detalhes o esquema existente entre ele e os representados, que inclusive já perdura há anos, a fim de eliminar criminosos e promover o nome dos representados e dos seus respectivos batalhões, ação que era praticada de forma dissimulada, para transparecer que se tratava de uma ação legítima da Polícia Militar, consistente numa situação de confronto entre criminosos e militares”, diz um dos trechos da decisão judicial.
Como recompensa pela ajuda aos PMs em atrair criminosos para falsos confrontos, o vigilante recebia vantagens como quantias em dinheiro e celulares apreendidos pelos policiais, em operações de segurança.
Conforme a juíza Mônica Perri, titular da 12ª Vara Criminal de Cuiabá, as declarações de R.C.S. vieram a ser acompanhadas por outros elementos de prova. “Suas declarações guardam sintonia com a prova pericial: exame de balística e de necropsia, quebra de sigilo de dados de celulares, notadamente do próprio R.C.S., onde foi constatada a relação existente entre ele e os representados, para a realização de “serviços”, dentre outras evidências”.
Da Redação com Folhamax

 

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