MT está no pico da pandemia de Covid-19
Com 45.155 casos confirmados, 26.185 recuperados, 17.306 em monitoramento e 1.664 óbitos até ontem, conforme o boletim informativo diário da Secretaria de Estado da Saúde (SES), Mato Grosso está no pico da pandemia de coronavírus e longe de entrar em queda, caso medidas de enfrentamento não seja revistas pelas autoridades sanitárias.
É o que alerta o deputado estadual e médico sanitarista Lúdio Cabral (PT), que elaborou um estudo epidemiológico baseado em dados do período de 19 a 25 de julho, quando o Estado entrou em um platô com elevado número de casos de Covid-19 e uma média diária de 1.052 novos casos, depois de ter atingido um pico em 11 de julho.
Platô
Lúdio enfatiza que essa média de novos casos em 14 dias seguidos e de 40 óbitos diários, abre a necessidade urgente de se implantar mais 50 novos leitos de UTI, em razão de estar existindo um platô na curva epidêmica, com número alto de casos, com o agravante de ter havido descontinuidade na alimentação do banco de dados da pandemia no Estado, na semana 29, dos dias 12 a 18, causando falha na contabilização do número de casos de Covid-19 no Estado.
“Temos que realizar um inquérito de soroprevalência, com aplicação de testes sorológicos em amostras da população, para verificar o número real de pessoas infectados em Mato Grosso e sabermos se já estamos próximos da chamada imunidade comunitária ou de rebanho”, enfatiza ele, observando que com a alta taxa de contágio, “um inquérito de soroprevalência na população do estado nos ajudaria a responder isso, pois os números oficiais são apenas a ponta do iceberg, uma amostra pequena do número real de casos e ainda sujeita às variações na forma de alimentação do banco de dados estadual”.
Cartada política
O parlamentar lembra também que, somente através da realização de um inquérito populacional de soroprevalência, se poderá fazer o planejamento seguro de reabertura das atividades econômicas. “A decisão do governador em reabrir as atividades não essenciais é imprudente e intempestiva. A reabertura é um tiro no escuro porque foi feita sem respaldo, em informações epidemiológicas. Isso pode prolongar o platô e retardar a descida da curva. Deveria haver um planejamento de reabertura gradativa, com segurança, depois que a curva da pandemia começar a descer, ou seja, quando o número de casos novos da doença começar de fato a cair”, destacou o sanitarista.
Ele coloca ainda, que além do inquérito de soroprevalência, “é necessária a ampliação dos testes RT-PCR e a mobilização da atenção primária, para atender e monitorar os pacientes na fase inicial da doença. Estamos cobrando a adoção dessas medidas há bastante tempo. O governo está perdido. Não cumpriu sua tarefa, que era evitar que o sistema de saúde entrasse em colapso e agora reabre tudo como uma cartada política e não como decisão respaldada na epidemiologia. Deveria prevalecer o critério técnico e epidemiológico e a prudência, diante de uma doença muito traiçoeira”, finalizou Lúdio Cabral.