O staff “anti-corrupção” de Jair Bolsonaro
Três dias após ter vencido o pleito para Presidente, Jair Bolsonaro (PSL) declarou no Twitter: “Nossos ministérios não serão compostos por condenados por corrupção, como foram nos últimos governos”.
Como nada é perfeito neste mundo, a bandeira de combate à corrupção que o elegeu não tremula mais já que seu filho, Flávio Bolsonaro (atual deputado estadual e futuro senador pelo Rio de Janeiro), além de sete dos 22 ministros de seu futuro governo, estarem sendo investigados por corrupção, lavagem de dinheiro ou improbidade administrativa.
Nomes
Dos escolhidos para o primeiro escalão de Bolsonaro, estão envolvidos em alguma “tramóia”:
Onyx Lorenzoni (Casa Civil)
Braço direito do presidente eleito e atual ministro da Transição do governo Bolsonaro, Onyx Lorenzoni é investigado, junto de mais nove parlamentares, de receber R$ 100 mil de executivos da JBS, na campanha de 2014, o que se configura crime de caixa 2.
Mesmo tendo confessado o recebimento do dinheiro, depois que o caso veio à tona este ano, Onyx se desculpou e foi “perdoado”, pelo então juiz federal e futuro ministro da Justiça, Sergio Moro, que era o responsável pela Operação Lava Jato.
Tereza Cristina (Agricultura)
Deputada federal, a futura ministra é citada por delatores da JBS em acordo firmado no ano passado sobre incentivos fiscais concedidos por à empresa na época em que ela era secretária de Agricultura de Mato Grosso do Sul, onde sua família tinha negócios com a empresa de proteína animal.
Em um dos contratos, segundo a investigação, a JBS se comprometia a pagar à família de Tereza Cristina o valor de R$ 612 mil por ano pelo arrendamento da fazenda em que a empresa pretendia criar 12 mil cabeças de gado.
Em outubro de 2013, foram assinados aditivos pela deputada com a correção de valores. E novembro a J&F entrou na Justiça para cobrar de Tereza o pagamento de dívidas contraídas pela mãe da deputada junto ao banco JBS, que somavam R$ 14 milhões.
Em nota, a assessoria de imprensa da futura ministra disse que ela nunca recebeu doação direta do grupo JBS para sua campanha, mas via coligação partidária e aprovada pela Justiça Eleitoral.
Luiz Henrique Mandetta (Saúde)
Médico ortopedista, o futuro ministro é investigado por fraude em licitação, tráfico de influência e caixa dois na implementação de um sistema de prontuário eletrônico quando era secretário de saúde, em Campo Grande (MS).
Auditoria feita pela Controladoria-Geral da União (CGU) em 2014 apontou que, apesar de o pagamento estar praticamente finalizado, o sistema contratado não havia sido instalado nas unidades de saúde.
Ricardo Salles (Meio Ambiente)
O ex-secretário do Meio Ambiente do governo paulista de Geraldo Alckmin, Ricardo Salles, responde a ação civil por improbidade administrativa movida pelo MP de São Paulo, sob a acusação de ter alterado ilegalmente o Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental (APA) da Várzea do Rio Tietê, em 2016, para supostamente favorecer interesses empresariais.
Paulo Guedes (Economia)
O superministro da Economia, chamado de “Posto Ipiranga” pelo próprio Jair Bolsonaro, é alvo de uma operação, desde o dia 2 de outubro deste ano, deflagrada pelo Ministério Público Federal (MPF) em Brasília, por suspeita de envolvimento em fraudes em fundos de pensão, junto com dirigentes das entidades ligados ao PT e ao MDB.
Guedes é suspeito de cometer crimes de gestão fraudulenta e temerária à frente de fundos de investimentos (FIPs) que receberam R$ 1 bilhão, entre 2009 e 2013, de fundos de pensão ligados a empresas públicas. Também está sendo investigada a emissão e negociação de títulos imobiliários, sem lastros ou garantias.
General Augusto Heleno (GSI)
Indicado para comandar o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), o general Augusto Heleno foi condenado, em 2013, pelo Tribunal de Contas da União (TCU), por autorizar convênios ilegais que custaram R$ 22 milhões ao governo – e favoreceram militares conhecidos seus.
Quando era chefe do Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército, o general autorizou dois convênios para a quinta edição dos Jogos Mundiais Militares, que ocorreram em 2011 no Rio de Janeiro.
O plenário do TCU acompanhou o relator e decidiu rejeitar a justificativa de Heleno de ter assinado os acordos, sem conhecimento de causa. O militar foi multado em R$ 4 mil.
O ministro Edson Fachin autorizou, no começo deste mês, que os envolvidos fossem investigados após pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR).
No dos outros, é refresco!
Da Redação, com reportagem de Clara Cerioni (Revista Exame)