Pastor é denunciado por “gatunagem” em verbas de igreja evangélica

Pastor desviaria verbas em benefício próprio (Reprodução)

Pastor desviaria verbas em benefício próprio
(Reprodução)

Pastor é acusado de desviar recursos de fiéis para benefício próprio
O Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO) denunciou esta semana, o pastor Noel Garcia dos Reis, de 64 anos, que é presidente da Igreja Evangélica Assembleia de Deus Ministério Sheknah, em Planaltina de Goiás, por desvio de verbas da igreja, em benefício próprio, além de coação e perseguição.
Conforme a denúncia do MP, que foi apurada pela Polícia Civil de Goiás, o esquema foi aplicado de janeiro de 2018 a fevereiro de 2020, com o pastor tendo se apropriado por ao menos 56 vezes de valores, provenientes de dízimos e ofertas, que eram do caixa da igreja.
No inquérito aberto pela polícia, os investigadores apontam três formas em que o pastor se aproveitou da situação, enquanto gestor da igreja: pagamento de plano de saúde, às custas da instituição religiosa, por 28 vezes; pagamento de contribuições previdenciárias, por 27 vezes; e a aquisição de imóvel em benefício próprio, dando desfalque ao caixa da igreja, em uma ocasião.
No indiciamento proposto pela PCGO e endereçado ao MPGO, a polícia cita a existência de uma planilha do último tesoureiro da igreja, denominada como “salvação”. Nela, é descrito que a instituição efetuou vários pagamentos relativos a um plano de saúde ao pastor. No entanto, dentro do estatuto da instituição, não há autorização para que fosse executado esse tipo de pagamento.
“Essas despesas também não poderiam ser suportadas pela instituição religiosa em razão de que são absolutamente estranhas à função religiosa exercida pelo denunciado, vale dizer, elas, direta ou indiretamente, em nada contribuem para o exercício da função religiosa por ele assumida, revestindo-se, pois, de verdadeira usurpação financeira”, argumentou o promotor do caso, Asdear Salinas Macias.
Ao todo, dentro do período investigado pela polícia e pelo MP, o caixa da instituição sofreu desfalque de R$ 71,5 mil, que só de pagamento do INSS envolveu R$ 31 mil, apesar de que a orientação repassada a Noel e para os demais pastores e membros da entidade, é que a igreja não efetuava esse tipo de contribuição aos seus funcionários.
Segundo o promotor, existe um imóvel que era de propriedade da igreja e que foi repassado ao nome de Noel. O imóvel, localizado na mesma quadra da instituição religiosa, segundo o MP, foi repassado ao nome do pastor porque a instituição tinha “dívidas” a serem pagas ao próprio Noel.
Na investigação, uma das testemunhas chaves do inquérito relatou que a dívida foi paga “tempos atrás” e que o assunto sobre a doação do imóvel era “tratado sob muito sigilo entre a diretoria (da igreja)”.
“A suposta dívida que a instituição religiosa tinha para com o denunciado traduz-se, na prática, em um verdadeiro cheque em branco ao denunciado para justificar os desvios de valores pertencentes à entidade religiosa, travestidos de compensações financeiras de débitos e créditos e/ou pagamento de benefícios das mais diversas naturezas”, assinalou.
Para que o esquema desse certo, o pastor, constantemente, fazia mudanças na equipe de tesouraria, trazendo valores já pagos para uma lista de débitos, sempre endereçando a dívida a ser paga ao próprio Noel. Tornando-se assim, um ciclo vicioso.
Quebra de sigilo
No oferecimento da denúncia, o MPGO também pediu à Justiça de Goiás que autorize a quebra de sigilo bancário e fiscal de Noel e da igreja para apurar se existem mais desvios cometidos pelo pastor em datas anteriores. O MP alega que o pastor se apropriou, de maneira indevida, dos valores pertencentes à igreja. O período solicitado pelos promotores é de maio de 2015 a março de 2023.
O MP também requereu que a Justiça afaste Noel de todas as funções de presidente da Igreja durante o curso do processo penal, caso a denúncia seja aceita. Além disso, os promotores pedem que ele seja proibido de manter contato com qualquer testemunha do processo. Esse movimento deu-se porque o MP argumenta, que o pastor quis manipular depoimentos durante o inquérito.
O que diz a defesa
A defesa do pastor informou ontem, que o caso trata-se de uma denúncia feita por pessoas que foram desligadas do rol de membros da instituição religiosa. Os representantes pontuaram que existem processos de pastores da igreja contra esses membros desligados.
A defesa também esclareceu que uma pessoa só pode ser considerada, culpada quando o trânsito da sentença constar em julgado, não cabendo mais recursos.
Da Redação com Correio Braziliense

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