PMDB e PP receberam doações de R$ 104 milhões da JBS e da BRF

Partidos recebiam sua cota da propina (Montagem: Blog da Rose Castro)

Empresas doaram para partidos políticos
(Montagem: Blog da Rose Castro)

De acordo com a Polícia Federal (PF), a Operação Carne Fraca – que investiga um esquema de corrupção entre frigoríficos e fiscais agropecuários do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) nos estados do Paraná, Goiás e Minas Gerais -, deflagrada na sexta-feira (17), visa também desvendar um esquema que teria como beneficiários o PMDB e o PP.
Doações
Segundo a PF,  as empresas JBS – dona da Friboi e da Seara – e a BRF – dona da Sadia e da Perdigão -, doaram R$ 104,36 milhões para os dois partidos políticos  PP e o PMDB na campanha de 2014, de acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Nas eleições daquele ano, as duas empresas doaram um total de R$ 393 milhões, distribuídos  para 25 legendas.
JBS
De acordo com a prestação de contas à Justiça Eleitoral, a JBS doou R$ 99,88 milhões a campanhas das duas legendas, sendo R$ 62,64 milhões para o PMDB e R$37,24 milhões para o PP.
Três governadores peemedebistas eleitos contaram com a contribuição da empresa: José Ivo Sartori (Rio Grande do Sul) recebeu R$ 2,5 milhões da JBS e outros R$ 199,99 mil da BRF; Suely Campos (Roraima) e Marcelo Miranda (Tocantins) arrecadaram R$ 200 mil da JBS, cada um.
Candidato derrotado ao governo da Paraíba, Vital do Rêgo contou com R$ 1 milhão da JBS. Investigado na Operação Lava Jato, ele é ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) desde dezembro de 2014.
Ministro da Justiça e deputado federal licenciado, Osmar Serraglio (PMDB-PR), recebeu R$ 200 mil da companhia, pelo partido.
Em conversa capturada pela Polícia Federal o ministro peemedebista recentemente empossado, chama o fiscal agropecuário Daniel Gonçalves Filho, superintendente do Ministério da Agricultura no Paraná entre 2007 e 2016, de “grande chefe”.
Daniel é apontado como “líder da organização criminosa” pelos investigadores. No diálogo, Serraglio alerta Daniel sobre uma inspecção em um frigorífico em Iporã (PR).
Dona da Friboi, a JBS tem 235 mil funcionários, receita líquida em 2016 de R$ 170,40 bilhões e exportava para cerca de 150 países.
De acordo com as investigações, um funcionário da Seara dava dinheiro e produtos a servidores do MAPA em troca da emissão de certificados, sem a devida fiscalização, para a venda e a exportação de produtos.
A JBS informou, em nota, que a sede não foi alvo dessa operação e que “no Brasil e no mundo adota rigorosos padrões de qualidade, com sistemas, processos e controles que garantem a segurança alimentar e a qualidade de seus produtos”.
BRF
Já a BRF contribuiu com R$ 4,48 milhões para os dois partidos investigados na Operação Carne Fraca nas campanhas de 2014, sendo R$ 3,5 milhões para o PMDB e R$ 1,13 milhão para o PP.
Além de Sartori, outro governador beneficiado foi Renan Filho, que recebeu R$ 1,3 milhão. Candidato ao governo de Alagoas, o peemedista é filho de Renan Calheiros, líder do PMDB no Senado e ex-presidente da Casa.
Com 105 mil funcionários, a BRF teve receita líquida de R$ 3,7 bilhões em 2016. De acordo com a PF, há indícios de que executivos da empresa ofereciam vantagens a fiscais do Mapa para afrouxar a fiscalização. A companhia exportava para cerca de 150 países.
Segundo despacho da Justiça, o gerente de Relações Institucionais da companhia, Roney Nogueira dos Santos, teria negociado a liberação ilegal de carne de frango com salmonela com fiscais do Ministério da Agricultura.
A unidade da empresa em Mineiros (GO) foi interditada temporariamente, até que a BRF possa prestar informações.
A empresa afirmou que “assegura a qualidade e a segurança de seus produtos e garante que não há nenhum risco para seus consumidores”.
Críticas à PF
O ministro da Agricultura, Blairo Maggi criticou a PF por supostos “erros técnicos” cometidos na Operação Carne Fraca.
Segundo Maggi, práticas consideradas proibidas pelos investigadores na verdade são legais. “Está claro no áudio (das conversas dos investigados) que estão falando de embalagens, e não de misturar papelão na carne (…) Senão, é uma idiotice, uma insanidade, para dizer a verdade”, afirmou após encontro entre ministros, associações de produtores e exportadores e 33 embaixadores de países que mais importam carnes do Brasil, neste domingo (19).
De acordo com o ministro, “está escrito no regulamento” que a carne de cabeça de porco pode ser usada e que o ácido ascórbico, divulgado como cancerígeno pela PF, “é vitamina C e pode ser utilizado em processos”.
Escolhido para comandar o Ministério da Justiça em fevereiro, Osmar Serraglio afirmou, em nota, que “se havia alguma dúvida de que, ao assumir o cargo, interferiria de alguma forma na autonomia do trabalho da Polícia Federal, esse é um exemplo cabal que fala por si só”.
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