Por vislumbrar “certeza de impunidade”, juíza decreta preventiva de Carlinhos Bezerra

Juíza converteu o flagrante em prisão preventiva (Chico Ferreira/Gazeta)

Assassino já está na PCE
(Chico Ferreira/Gazeta)

A juíza Ana Graziela Vaz de Campos Alves Corrêa, da 1ª Vara Especializada de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher de Cuiabá, decretou hoje à tarde, a prisão preventiva de Carlos Alberto Gomes Bezerra – o Carlinhos, 57 anos, que confessou ter assassinado, com uma pistola calibre 380 de sua propriedade, a ex-companheira, Thays Machado, de 44 anos, e o namorado dela, Wilian Cesar Moreno, de 30, no final da tarde de quarta-feira (18), em frente ao edifício Solar Monet,no bairro Consil, na capital mato-grossense.
Carlos Alberto, que é filho do deputado federal não reeleito e presidente do MDB estadual, Carlos Gomes Bezerra, foi preso em flagrante pela Polícia Civil por volta das 22 horas daquele dia, na fazenda da família, distante cerca de 80 quilômetros do perímetro urbano de Campo Verde.
Decisão
Na decisão, a magistrada afirmou que a liberdade do acusado representa “grande risco para a ordem pública e a aplicação da lei penal”, citando o fato dele ter fugido do local do crime.
Disse ainda que ele acreditava na impunidade, “alimentadas pela posição social ostentada pelo mesmo e pelos laços de parentesco com seu pai, o ex-senador, ex-governador do Estado, ex-prefeito do munícipio de Rondonópolis e deputado federal, Carlos Bezerra”, escreveu.
“Contudo, era justamente a posição social ostentada pelo custodiado, o estudo e a experiência de vida que, em casos semelhantes deveria impedir que o mesmo atentasse contra a vida de qualquer pessoa, mas que, em análise preliminar neste momento, alimentou a certeza da impunidade”, escreveu.
“Em que pese as famílias cuiabanas ao longo de décadas terem consagrado o “é gente de quem” como forma de assegurar-se sobre a companhia de seus filho(a)s, neste caso, tristemente, a procedência familiar do custodiado não bastou para respaldar sua conduta moral. Gente de quem, não é, infelizmente, necessariamente sinônimo de gente de bem”, escreveu.
A magistrada ainda afirmou que o “crime praticado abalou severamente a ordem pública pela crueldade de se matar duas pessoas, que minutos antes da prática do crime estavam conversando, sorrindo, de mãos dadas”.
Ela ainda chamou de “frágil” e “estapafúrdia”a a justificativa apresentada pelo acusado em depoimento à Polícia Civil, em que ele alegou ter cometido o crime por conta de uma suposta “neuropatia diabética”, que lhe teria “descompensado emocionalmente”.
“Primeiro pelos indícios de que seu ‘descompasso emocional’ é muito anterior ao crime e tem outras origens que não a doença diabetes e segundo porque a alegada neuropatia diabética não tem como sintoma a agressividade, o descontrole e nem a violência capaz de levar a prática de um feminicídio e um homicídio qualificado, tendo, “prima facie” e salvo melhor juízo, como sintomas tão somente a afetação dos nervos periféricos das extremidades do corpo (mãos e pés), não possuindo qualquer afetação neurológica, capaz de alterar o comportamento do custodiado”, afirmou.
A perícia preliminar de criminalística da Politec constatou que Thays foi atingida por três disparos, sendo dois nas costas e um na altura do quadril e Willian, mesmo atingido no braço esquerdo e no peito também por três disparos, ainda tentou fugir do atirador, mas caiu na calçada, a poucos metros de Thays.
Ainda na noite do dia 18, o assassino foi levado a Cuiabá, onde passou por exame de corpo de delito e prestou depoimento na Delegacia de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP).
Na tarde de ontem (19),Carlos Alberto passou por audiência de custódia e foi encaminhado a uma cela em separado, por ter curso superior, em uma ala especial da Penitenciária Central do Estado (PCE).
Da Redação com MídiaNews

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