Previdência de Bolsonaro provocará rombo de R$ 13,6 tri, diz ex-ministro

Gabas alertou para o rombo na Previdência

Gabas alertou para o rombo na Previdência

“Bolsonaro quer economizar R$ 1,2 trilhão com essa Reforma da Previdência, que vai acabar com o sistema de Previdência Social Solidária e substituí-lo pelo de Capitalização Individual. Mas o Paulo Guedes, não explica qual o custo dessa transição de sistema. Ele não explica, porque segundo a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) da ONU, o custo será de dois PIB, ou seja, R$ 13,6 trilhões. Tem lógica querer economizar 1 tri abrindo um rombo de 13 tri?”, questionou o ex-ministro da Previdência, Carlos Gabas, na segunda-feira (20), em audiência pública na Assembleia Legislativa de Mato Grosso, em Cuiabá, presidida pelo deputado estadual Valdir Barranco (PT).
Na palestra, que contou com presenças dos deputados federais Professora Rosa Neide (PT) e Nelson Barbudo (PSL); dos deputados estaduais Lúdio Cabral (PT) e João Batista (PROS), além de sindicalistas, estudantes, profissionais liberais de diversos segmentos e populares, o ex-ministro da Previdência dos governos Lula e Dilma, informou que o atual modelo de seguridade social do Brasil, consagrado na Constituição de 1988, possui os mesmos moldes do sistema previdenciário da Alemanha. “Esse sistema conta com três fontes de financiamento: os trabalhadores, os patrões e o Estado. No modelo de capitalização que o Paulo Guedes implantou no Chile e quer trazer para o Brasil, apenas o trabalhador contribui para uma conta individual em um banco privado”, disse.
Gabas citou que na maioria dos países europeus o sistema de previdência é solidário e em apenas 35 países do mundo foi implantado o regime de capitalização individual. ‘Desses 35, um total de 18 já voltaram atrás porque a capitalização gera exclusão social, concentração de renda e empobrecimento dos idosos, pois não garante o benefício para o qual o trabalhador contribuiu individualmente ao longo da vida. É o que ocorre no Chile, onde de cada 10 aposentados 09 recebem apenas 40% da média de salário de quando estava na ativa’.
O ex-ministro citou ainda que a chamada “Nova Previdência” é uma maldade contra o povo brasileiro, pois impedirá o acesso a aposentadoria e diminuirá o valor dos benefícios. A PEC 06/2019 propõe elevar a idade mínima para ter direito à aposentadoria, de 60 para 65 anos para homens e 55 para 62 anos para mulheres. Também eleva o tempo de contribuição mínima de 15 para 20 anos. “Apenas esse aumento de 5 anos da contribuição mínima excluirá 64% dos trabalhadores do atual sistema. Esse percentual de brasileiros será impedido de aposentar porque não conseguirá contribuir o tempo exigido, em função dos períodos de desemprego”, disse Gabas.
Discussão popular

Deputada frisa a necessidade de discussão popular

Para a deputada Professora Rosa Neide (PT), o governo Bolsonaro não pode destruir um sistema previdenciário solidário construído ao longo de décadas, sem promover discussão com a sociedade. “A população brasileira precisa saber o que vai perder, caso essa reforma seja aprovada. É por isso que essa PEC não pode ser votada, sem uma ampla discussão com o povo. Sou contra essa proposta, porque acaba com a proteção social que a previdência garante ao cidadão brasileiro, na sua velhice. Não podemos importar um modelo de exclusão que deu errado em outros países e que caso seja aprovado jogará nossos idosos na miséria, em situação de mendicância”, finalizou Rosa Neide.
(Fotos: Carlos Maranhão)

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