Seita envolvida com trabalho escravo e estelionato é desmantelada pela PF

Um dos estabelecimentos que a quadrilha se "adonou" (João Daniel Alves/EPTV)

Um dos estabelecimentos que a quadrilha se “adonou”
(João Daniel Alves/EPTV)

A liberdade de credo no Brasil, garantida pela Constituição Federal, aliada à confiança de pessoas que se deixam enganar por “falsos pastores”, tem sido utilizada por muitos para a prática de crimes, como frequentemente é noticiado pela mídia.
Em mais um caso, a Polícia Federal (PF) deflagrou hoje a “Operação Canaã – A Colheita Final”, que investiga o envolvimento de uma seita religiosa, em crimes de trabalho escravo, tráfico de pessoas, lavagem de dinheiro e estelionato, suspeita de atuar em municípios de São Paulo, Bahia e Minas Gerais.
Ações
Nesses três estados, 220 agentes cumprem 22 mandados de prisão preventiva, 17 de interdição de estabelecimento comercial e 42 de busca e apreensão – todos expedidos pela 4ª Vara Federal em Belo Horizonte (MG).
Inicialmente, foram presas 13 pessoas, sendo oito apenas no Sul de Minas. Nove pessoas ainda estão foragidas, entre elas “Pastor Cícero”, considerado o líder do grupo.
A organização conhecida como “Comunidade Evangélica Jesus, a verdade que marca”, é suspeita de manter fiéis em situação análoga à escravidão em propriedades rurais e empresas em Minas Gerais e Bahia, e ainda se apoderar de todos os bens das vítimas.
Modo de agir
O “modus operandi” dos investigados, segundo a PF, era desenvolvido através da cooptação de pessoas na capital paulista, para que doassem imóveis e veículos de luxo. Depois de devidamente doutrinados, os novos fiéis eram levados para zonas rurais e urbanas em Minas Gerais (Contagem, Betim, Andrelândia, Minduri, Madre de Deus, São Vicente de Minas, Pouso Alegre e Poços de Caldas), na Bahia (Ibotirama, Luiz Eduardo Magalhães, Wanderley e Barra) e em São Paulo (capital). Ao chegar a esses locais, eram explorados, sendo forçados a trabalhar em lavouras e estabelecimentos comerciais, como oficinas mecânicas, postos de gasolina, pastelarias e confecções, sem descanso e remuneração. Segundo a PF, o grupo criminoso já expandia sua ação para o estado do Tocantins.
Velhos conhecidos da PF
A investigação, cujo nome é uma referência bíblica à terra prometida, começou em 2011, quando a seita estava migrando de São Paulo para Minas Gerais. Em 2013, foi deflagrada a Operação Canaã, com foco em inspeções em propriedades rurais e algumas empresas urbanas. A etapa foi sucedida pela etapa De Volta para Canaã, em 2015, que resultou na prisão temporária de cinco dos líderes.
A operação de hoje conta com o apoio de 55 auditores fiscais do Ministério do Trabalho e do Grupo Especial de Fiscalização Móvel da pasta.
Se condenados pela Justiça, os suspeitos poderão cumprir pena de até 42 anos de prisão.
Da Redação com Agência Brasil/G1 Sul de Minas

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