Câmara Municipal vai barrar trecho urbano da Ferrovia Estadual

Empresa mudou o traçado original

Empresa mudou o traçado original, sem discussão prévia (Reprodução)

“Se houver insistência por parte da empresa Rumo Logística, a Câmara Municipal de Rondonópolis, através dos 21 parlamentares, vai elaborar uma minuta proibindo de acordo com a Lei Orgânica do Município, que os trilhos passem por dentro da cidade”.
Com essa declaração, o presidente da Câmara de Vereadores de Rondonópolis, Júnior Mendonça (PT), abriu a audiência pública na noite desta quinta-feira (14), quando foram discutidos os impactos da expansão da ferrovia estadual, cujo traçado vai de Rondonópolis (no sul do Estado) a Lucas do Rio Verde (no médio norte de Mato Grosso).
A audiência pública, proposta pelo vereador Adonias Fernandes (MDB), se deu frente aos inúmeros questionamentos e descontentamento geral das comunidades envolvidas pelo fato de que a empresa mudou o traçado original, afetando direta e drasticamente vários bairros da Região Salmen, dentre eles o Maria Amélia, o Rosa Bororo, o Pedra 90 e a Vila Olinda.
“Trata-se de um projeto em que a empresa só se preocupa com seu próprio bem estar, com a geração de riquezas próprias, não se dando ao trabalho de verificar se isso iria afetar a segurança e a qualidade de vida dos moradores daquela região populosa. Não devemos esquecer que a intenção da empresa Rumo, vai na contramão da história. Em outras localidades do país, as cidades avançam até os trilhos. Aqui em Rondonópolis a empresa quer invadir a cidade e isso não podemos permitir”, externou Júnior Mendonça, finalizando.
De acordo com a gestão municipal, que através de várias secretarias fez um estudo de impacto de vizinhança levando em conta a questão social e estrutural, a empresa não está agindo com transparência e responsabilidade.
Traçado alterado
Em 2021, a Rumo protocolou junto à Secretaria Estadual de Meio Ambiente (SEMA) um traçado que foi retificado em 2023, sem a devida consulta popular e apresentação à gestão municipal.
Pelo novo traçado, os trilhos vão passar por dentro dos bairros já citados, além de cortar o Parque do Escondidinho, uma das reservas ecológicas da cidade.
O bairro Maria Amélia será, de acordo com o novo traçado, o mais afetado, pois os trilhos ficarão a cerca de 30 metros das residências. Isso sem falar que o município já adquiriu outra área anexa ao bairro já formado, onde será construído o Maria Amélia II, exatamente onde a Rumo quer passar com os trilhos.
A Secretaria Municipal de Infraestrutura de Rondonópolis (Sinfra), fez um alerta durante a audiência, apresentando um estudo técnico minucioso a respeito dos impactos, que indica além da segregação social pela divisão da cidade pelos trilhos, o comprometimento da segurança daqueles moradores, pois o risco de acidentes é muito alto; da estrutura física das moradias e a desvalorização dos imóveis, além do fato de que os trilhos vão impedir a concretização de algumas obras públicas – áreas de lazer, postos de saúde e creches, entre outros, pois estariam invadindo essas áreas já adquiridas pelo município.
Encaminhamento
Todas as sugestões apresentadas durante audiência serão formalizadas e o documento será encaminhado pela Câmara Municipal às áreas competentes, na próxima semana.
Participaram da audiência ainda, o vereador Dr. Jonas Rodrigues, o presidente do Sanear, Paulo José Corrêa, o deputado estadual Thiago Silva, lideranças de movimentos comunitários e representantes do Poder Executivo.
Da Redação com Secom CMR

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