Embriaguez lamentável

Indígenas foram detidos pela PM (Divulgação)

Indígenas foram detidos pela PM
(Divulgação)

Dois indígenas em visível estado de embriaguez, promoveram ontem (10), no Ginásio de Esportes de Barra do Garças, na divisa de Mato Grosso com Goiás, um corre-corre de alunos que participavam de aula de Educação Física no local, com ameaças e agressões .
Os indígenas da Aldeia São Marcos, da etnia Xavante, N.W.R.(42) e E.T.M. (32), foram detidos por policiais militares que foram chamados para atender a ocorrência, após moderada resistência dos dois indígenas.
A PM apreendeu com eles, duas latas vazias de cerveja e outras nove ainda lacradas.
Venda proibida
Segundo o Estatuto do Índio, na Lei nº 6.001 – De 19 de Dezembro de 1973, CAPÍTULO II – Dos Crimes contra os Índios, Art. 58, podem ser penalizados comerciantes ou terceiros que propiciem, por qualquer meio, a aquisição, o uso e a disseminação de bebidas alcoólicas, nos grupos tribais ou entre índios não integrados, podendo ser enquadrados pela Justiça, com pena de detenção, de seis meses a dois anos.
Apesar da proibição, a venda é praticada não somente em Barra do Garças, mas também em outras cidades de Mato Grosso, como acontecia aqui em Rondonópolis no final dos anos 80, quando indígenas alcoolizados podiam ser vistos deitados nos canteiros da Praça dos Carreiros, após ingerirem bebida alcoólica e também álcool puro, adquiridos em um supermercado (já extinto), que ficava na rua Rio Branco, defronte ao logradouro público.
Discriminação
Segundo declarou certa vez a historiadora Águeda Aparecida da Cruz Borges – professora do curso de Letras do ICHS/Câmpus Universitário do Araguaia/UFMT, em Barra do Garças -, “Barra do Garças, embora incorpore, por exemplo, o desenho escrito do nome Xavante impresso em diversos lugares, enxerga o indígena como um fora do lugar, um corpo que não cabe na cidade, e, paradoxalmente materializa uma espécie de naturalização acerca dessa presença/frequência na constituição urbana. Enquanto sujeito, discursivamente, o Xavante é negado, é alvo de preconceito, “não chega a ser brasileiro”, “não devia estar na cidade”, é coisificado como objeto que “suja, enfeia, entulha o espaço urbano”.
Isso se aplica aos indígenas de todas as aldeias de Mato Grosso, inclusive aos da etnia Bororo – que vivem em cinco aldeias aqui em Rondonópolis, na de Jarudore (praticamente extinta, pela invasão  de atividades agropecuárias) e na de  Gomes Carneiro – sem contar o que passam os índios de Mato Grosso do Sul, mais especificamente em Dourados, que em anos recentes vinham praticando suicídio, como destacado pela Imprensa, à época.
A discriminação e o avanço das propriedades rurais sobre as reservas, causaram aos indígenas na cidade sul-mato-grossense, por exemplo, o deslocamento definitivo para Mato Grosso, nos anos 90,  de considerável número de índios da nação Terena que lá habitavam, como pudemos comprovar pessoalmente.

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