Evangélicos articulam derrubada do decreto de armas

Nem eles aguentam os despropósitos do "mito" (Eduardo Baretto/CD)

Nem eles aguentam os despropósitos do “mito”
(Eduardo Baretto/CD)

A exemplo de parlamentares do PT, Psol e Rede, os 195 deputados que compõem a Bancada Evangélica na Câmara dos Deputados, também se articulam para, através de projeto próprio, derrubar o decreto de liberação de armas, assinado ontem por Jair Bolsonaro (PSL).
Conforme O Globo, um vice-líder do governo avaliou que com a força dos evangélicos a derrubada do decreto, é um risco real para os atuais ocupantes do Palácio do Planalto.
Pelo decreto de Bolsonaro, passam a ter direito ao porte de armas, políticos, advogados que atuam na poder público (como procuradores e defensores), motoristas de veículos de carga, proprietários rurais, jornalistas, conselheiros tutelares, agentes socioeducativos, entre outros.
Fenaj emite nota
A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) divulgou nota oficial ontem, se posicionando contra o decreto sancionado por Bolsonaro, também criticando a medida e repudiando o porte de armas aos profissionais de Imprensa.
Leia a íntegra da nota:
“Fenaj diz não ao armamento de profissionais
A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), entidade de representação nacional da categoria, que congrega os Sindicatos de Jornalistas do país, vem a público reafirmar sua posição de defesa do Estatuto do Desarmamento (Lei 10.826, de 22/12/2003), aprovado após amplo debate nacional. A Fenaj considera inadequada sua alteração por decreto, sem o devido e necessário debate democrático. O Poder Executivo não pode agir autocraticamente, usurpando competência do Poder Legislativo de aprovar e alterar leis.
Ao modificar o Estatuto do Desarmamento para facilitar o transporte de armas para determinadas categorias profissionais, que não mais precisarão comprovar a necessidade de portá-las, o governo Bolsonaro promove o armamento da população que, comprovadamente, não contribui para a diminuição da violência. Ao contrário, a posse de armas de fogo pela população é determinante para mortes acidentais e contribui significativamente para o aumento da violência social.
Quanto aos jornalistas que fazem cobertura policial, a Fenaj entende que a posse/transporte de armas não vai contribuir para a segurança dos profissionais, que devem cuidar da produção da notícia, sem exposições ou enfrentamentos que coloquem em risco sua integridade física. O porte de arma pode, inclusive, transformar o jornalista em alvo.
Cabe ao aparato de segurança do Estado garantir a segurança dos jornalistas e demais profissionais da comunicação no exercício profissional, ainda que em coberturas jornalísticas nas quais os profissionais são expostos a riscos. Igualmente, cabe às empresas jornalísticas adotarem medidas para mitigar os riscos a que são submetidos os jornalistas nas coberturas policiais e em outras situações em que a segurança dos profissionais esteja em xeque. A Fenaj tem defendido a ação, por parte das empresas jornalísticas, de um Protocolo de Segurança para a atuação profissional, que inclui a criação de comissões de segurança nas redações para avaliação de cada situação específica, bem como o fornecimento de equipamentos de proteção individual e treinamento para os jornalistas que cobrem conflitos sociais.
A responsabilidade pela segurança dos jornalistas e demais profissionais da comunicação não pode ser transferida; é do Estado em corresponsabilidade com as empresas empregadoras.
Brasília, 8 de maio de 2019.
Federação Nacional dos Jornalistas – FENAJ”.

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