Ex-PM Célio Alves vai a júri popular pela morte dos irmãos Araújo

Celio (esq) vai a julgamento; Hércules (dir) já cumpre pena (G1/MT)

Celio (esq) vai a julgamento; Hércules (dir) já cumpre pena
(G1/MT)

O ex-soldado da Polícia Militar de Mato Grosso (PM/MT), Célio Alves de Souza será julgado na próxima segunda-feira, (19), pelo tribunal do Júri de Rondonópolis (MT), pela coautoria nos assassinatos dos agricultores Brandão Araújo Filho e José Carlos Machado Araújo, os ‘Irmãos Araújo’.
Os crimes
O primeiro crime aconteceu no dia 10 de agosto de 1999, quando Brandão foi executado a tiros em pleno centro de Rondonópolis, pelo pistoleiro e também ex-PM Hércules Araújo Agostinho, conhecido como Cabo Hércules. O segundo crime foi em 28 de dezembro de 2000, que vitimou José Carlos também a tiros de pistola 9 mm, aconteceu no estacionamento duma agência bancária no centro da cidade.
Nas duas execuções, Célio Alves ajudou Hércules Agostinho – único condenado até agora pelas mortes, que está cumprindo 29 anos de prisão em regime fechado – a se evadir dos locais, em uma motocicleta.
O julgamento está marcado para às 8h30, no Tribunal do Júri de Rondonópolis.
O caso

As vítimas Brandão e José Carlos Araujo (Gazeta MT)

De acordo com as provas produzidas nos autos, os assassinatos dos irmãos Araújo foram motivados pela disputa judicial de uma fazenda de 2.175 hectares, localizada na região conhecida como Mineirinho, que fica a 70 quilômetros de Rondonópolis, em direção a Campo Grande (MS), objeto de negócio mal sucedido entre José Carlos e Sérgio Marchetti (77), realizado em 1988, cuja demanda até hoje se arrasta na Justiça.
Os Marchetti teriam pago somente as primeiras prestações e, diante da falta de pagamento das demais parcelas, os irmãos Araújo entraram na Justiça para desfazer a venda da propriedade. Sérgio e Mônica Marchetti recorreram e insistiam que o litígio fosse encerrado com um acordo.
Durante a tramitação dos processos, Brandão Araújo Filho e José Carlos Machado Araújo foram assassinados.
Hércules Agostinho apontou, como mandantes dos crimes nos depoimentos à polícia, os proprietários da empresa ‘Sementes Mônica’, mesmos proprietários da Agropecuária Marchetti Ltda, Sérgio João Marchetti (77) e sua filha Mônica Marchetti, a qual inclusive, chegou a ficar presa por alguns dia em março de 2004.
Uma das provas que incriminam diretamente pai e filha foi a transferência de um veículo Gol, de propriedade da empresa “Mônica Armazéns Gerais Ltda” para Célio Alves, dado como forma de pagamento pelas mortes, além de que o pistoleiro Hércules ainda reconheceu o escritório da empresa, como o local onde foram pegar a documentação do veículo.
Confissão
Os crimes começaram a ser desvendados em setembro de 2003 pelo Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco), quando o ex-PM e pistoleiro Hércules, que estava preso para responder pelo assassinato em 2002, do empresário cuiabano Sávio Brandão – proprietário do extinto jornal Folha do Estado- confessou espontaneamente a participação nos assassinatos dos irmãos Brandão Araújo Filho e José Carlos Machado Araújo.
‘Cabo Hércules’ não só assumiu os assassinatos dos irmãos de Rondonópolis, como participou da reconstituição dos crimes, apontando como coexecutores o ex-soldado da PM/MT Célio Alves, o ex-sargento da PM/MT, José Jesus de Freitas (morto pelos acusados Hércules e Célio), e o capitão da PM/MT, Marcos Divino, como também Sérgio e Mônica Marchetti, como mandantes dos crimes.
Reconstituição
No dia 25 de outubro de 2003, foi realizada a reconstituição dos dois crimes ocorridos em Rondonópolis, com o laudo apontando que “Não houve divergência em pontos cruciais, para a elucidação dos casos”, reforçado por 136 fotos que ilustram a dinâmica adotada pelo ex-Cabo Hércules Agostinho, para executar os dois irmãos.
O laudo diz ainda que há compatibilidade entre as informações dadas pelo ex-Cabo em seus depoimentos e a reconstituição dos crimes. Da mesma forma, os ferimentos encontrados em ambas as vítimas são compatíveis com a arma usada por Hércules, uma pistola de 9 milímetros.
Na ocasião, Hércules também reconheceu e apontou a Sementes Mônica, empresa da família Marchetti, como o local em que ele e o ex-soldado Célio Alves receberam um veículo Gol como pagamento pela execução dos dois irmãos Araújo.
Mandantes
O Inquérito Policial concluiu como mandantes dos homicídios de Brandão e José Carlos, o empresário Sérgio Marchetti e a filha Mônica que estão em liberdade, beneficiados por um habeas corpus obtido no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Da Redação com informações Pauta Pronta

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