Operação da PF apura envio de cabeças de onças-pintadas do Pantanal para o exterior

PF dará continuidade à operação (Divulgação/PF)

PF dará continuidade à operação
(Divulgação/PF)

Nesta quinta-feira, a Polícia Federal deflagrou a Operação Yaguara (onça ou jaguar, em Tupi-Guarani) contra a caça ilegal e biopirataria no Pantanal de Mato Grosso do Sul, depois de ter sido encontrado o corpo de uma onça-pintada sem cabeça, boiando no rio Paraguai-Mirim, em Corumbá. A cabeça do felino, que está na lista de animais em extinção, foi vendida para o exterior, segundo a corporação.
A PF identificou os responsáveis de terem matado e decapitado a onça-pintada. Eles vão responder em liberdade por crime ambiental. As investigações indicam que a cabeça do animal, pode ter sido vendida como troféu de caça.
Biopirataria
A operação foi deflagrada em várias cidades e fazendas da região e irá continuar para identificar o alcance da rede de biopirataria, que age no Pantanal do vizinho estado.
De acordo com o médico veterinário Diego Viana, do Instituto Homem Pantaneiro (IHP) e coordenador do projeto Felinos Pantaneiros, a onça que boiava no Paraguai-Mirim foi a sexta encontrada morta com indícios de caça na região desde 2016. Em três casos, foram encontrados projéteis de arma de fogo nos corpos.
“Apenas uma não estava dentro da água, mas na beira de um rio. Para se desfazer da carcaça e sumir com as provas da caça, que é crime ambiental, o corpo é jogado no rio, onde acaba sendo atacado pelos peixes e afunda”, explicou o veterinário.
Segundo ele, em junho deste ano dois homens foram presos após terem abatido duas onças-pardas, outro felino que vive no Pantanal. Eles alegaram que os felinos tinham atacado os bezerros do patrão e foram soltos após pagar R$ 13,2 mil de fiança, estabelecida para cada um.
Mato Grosso
Em Cáceres, no Pantanal mato-grossense, um caçador foi preso, acusado de torturar e matar três onças-pintadas. Duas delas, tiveram as cabeças cortadas. Ele gravou as ações em vídeo, o que possibilitou sua prisão. O caçador contou que receberia R$ 5 mil para cada cabeça de onça, que seriam entregue a um intermediário.
O crime é punido com pena de 6 meses a 1 ano de detenção, mais multa de até R$ 5 mil. As investigações foram repassadas à Polícia Federal por suspeita de biopirataria.
Conforme Viana, o instituto faz o monitoramento da fauna na região e informa a Polícia Ambiental quando encontra um animal morto. “Até agora o principal motivo da caça à onça era o conflito com humano, quase sempre devido a ataques ao rebanho bovino. Nesse caso da onça com a cabeça cortada, é forte o indício de pirataria. O corte foi feito, de forma precisa. É importante entender, qual o papel que a biopirataria está tendo nesse processo de caça a um animal tão ameaçado”, disse.
Um dos animais brasileiros mais ameaçados de extinção, a onça-pintada tem uma função ecológica importante, auxiliando no equilíbrio das populações de outros animais, como o javali, invasor que tem causado destruição de lavouras e pastagens.
Da Redação com Estadão

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