“Padilha pressionou Governo e AL, para extinção de parque”, diz Scaloppe 

Scaloppe diz que Padilha pressionou governo e AL (Foto: Circuito Mato Grosso)

Scaloppe diz que Padilha pressionou governo e AL
(Foto: Circuito Mato Grosso)

O procurador de Justiça, Luís Alberto Scaloppe, da Procuradoria de Justiça Especializada em Defesa Ambiental e da Ordem Urbanística, afirmou hoje que o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, pressionou o Governo do Estado e Assembleia Legislativa de Mato Grosso, para a aprovação do decreto que acaba com o Parque Estadual Serra Ricardo Franco.
Fazenda
Nessa área de preservação ambiental, localizada no município de Vila Bela da Santíssima Trindade, é onde Eliseu Padilha tem uma fazenda com cerca de 735 hectares. (Leia matéria do Blog Estela Boranga comenta, aqui)
Em dezembro do ano passado, Padilha foi um dos alvos de ações civis públicas, por desmatamento irregular, contra fazendeiros localizados no interior do Parque Estadual Serra Ricardo Franco, na cidade de Vila Bela da Santíssima Trindade (MT).
Parque
O parque fica na região da fronteira entre Brasil e Bolívia e abriga inúmeras nascentes, além de reunir a Floresta Amazônica, o Cerrado e o Pantanal. É nesse local, que o ministro e outros fazendeiros teriam desmatado perto de 19 mil hectares, entre 1998 e 2015. De acordo com o Ministério Público Estadual (MPE), Padilha e seus sócios seriam responsáveis pelo corte da vegetação nas áreas das fazendas Paredão I e Cachoeira, o que totaliza mais de 2 mil hectares de desmate, ou aproximadamente 2,8 mil campos de futebol.
Na última semana, os parlamentares estaduais aprovaram o decreto em primeira votação e, nos próximos dias, devem realizar nova votação.
Influência
Em entrevista à Rádio Capital FM (Cuiabá), na manhã de hoje, Scaloppe foi questionado sobre a influência do ministro para legalizar invasões no parque, por meio da aprovação do decreto na Assembleia Legislativa, proposto pelo deputado estadual Adriano Silva (PSB).
Disse o procurador, que Padilha teria pressionado o governador Pedro Taques (PSDB) e o vice, Carlos Fávaro (PSD) – que também é secretário de Meio Ambiente (Sema) -, através de “jogos políticos”, para liberação de investimentos ao Estado.
“Ele [Eliseu Padilha] agiu muito, neste sentido. Tenho certeza que ele pressionou o governador, o secretário do Meio Ambiente. Ele tem ações. É um investimento dele, como de outras pessoas, no qual acreditam que com um telefonema podem resolver a legalidade. Estão acostumados com isso, talvez”, disse Scaloppe, afirmando que a suspeita se iniciou por conta de uma “reação muito forte” por parte do Governo. Ele citou o convite do Executivo a uma promotora recém-empossada, para tratar sobre o assunto.
Pressão
“Quando chegamos lá, estava toda a cúpula da Sema, com o vice-governador e o governador. Ou seja, a pressão era clara. O governador tinha ido à Brasília buscar dinheiro. Eu sei que a situação não é fácil, é uma situação de política nacional, estadual. Mas, claro que a gente não pode com isso entregar um interesse privado, uma área, pois o Estado necessita de um investimento. Quando saímos do Palácio a promotora ainda falou ‘tem gente poderosa pra ter me chamado e me dado essa atenção’. E depois as coisas vieram acontecendo. Então, na verdade, essa mão poderosa que conseguiu fazer essas coisas”, afirmou Scaloppe.
Ação ‘burra’

Decreto extingue o parque estadual
(Foto: UOL)

Scaloppe considerou a proposta do deputado Adriano Silva, para anular o decreto criado em 1997 pelo então governador Dante de Oliveira, como uma ação “horrível e burra”.
Para o promotor não há lógica para a extinção do parque, uma vez que não há “nenhuma” perspectiva de industrialização na região. Ele ressaltou que a economia de Vila Bela da Santíssima Trindade gira em torno do turismo, o que seria suprimido, além da preservação da fauna e flora.
“É uma ação horrível e burra. Horrível em todo o sentido. O parque está dentro de um compromisso firmado por Pedro Taques internacionalmente e tem um processo anterior a este recurso, que deixou comprometido não só o manejo de todos os parques, como em especial ao da Serra Ricardo Franco. Esse decreto que está sendo apresentado é horrível no sentido ambiental. No sentido de que é uma coisa que nem tem vergonha”, declarou.
Em defesa à permanência da área de conservação, Scaloppe criticou a atuação de Adriano Silva, relembrando a sua época a frente da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), em Cáceres (225km a oeste de Cuiabá), na qual responde por quatro ações de improbidade administrativa.
“Além de horrível ela [a proposta] é burra, ela é feita para atender meia dúzia de votos contra o futuro de Vila Bela. É uma ação nefasta do deputado. Horrível, muito igual a gestão dele na Unemat”, criticou, encerrando.
Com Circuito Mato Grosso/Carta Capital

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