Padre que abusou de garoto com deficiência, pega pena máxima 

Padre nega o abuso (Cristiano Mariz/Veja GO)

Padre nega o abuso
(Cristiano Mariz/Veja GO)

Preso em flagrante em junho do ano passado, após abusar sexualmente de um garoto de 14 anos dentro de uma sauna no município de Caldas novas (GO), o padre Fabiano Santos Gonzaga (29), foi condenado na segunda-feira (5) à pena máxima de 15 anos de reclusão, em regime fechado.
O sacerdote foi enquadrado no artigo 217 do Código Penal – ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 anos, com o agravante de a vítima possuir uma deficiência mental, o que fez com que ele não tivesse discernimento para a prática do ato sexual e sequer poderia oferecer resistência.
Abordagem
Segundo a acusação, vestindo uma sunga preta, Fabiano entrou na sauna e se sentou em um banco de frente para o menino, ao lado de uma cascata de água quente. Havia um homem na sauna que logo saiu. Assim que se viu a sós com o menino, Fabiano deixou seu lugar e sentou-se ao lado dele. Tentou puxar conversa e, em seguida, beijou-o na boca e segurou seu pênis. Atordoado, o menino levantou-se para fugir, mas Fabiano não deixou. Correu para bloquear a porta, baixou a sunga e disse ao menino que ele só sairia dali se praticasse sexo oral. Amedrontado, o menino, que tem 14 anos e idade mental entre 7 e 9 anos, obedeceu.
Provas falsas
Apesar da série de provas juntadas pela acusação, não foi tarefa fácil para o Ministério Público condenar o padre. A defesa de Fabiano tentou induzir a juíza Valeska da Silva Baruki ao erro várias vezes. Numa delas, chegou a apresentar provas falsas. No relato do garoto, o padre o atacou dentro da sauna e em seu depoimento ele descreveu com detalhes como era o ambiente. Entre o dia do crime e o julgamento, a sauna passou por uma reforma justamente para dar mais segurança aos usuários.
A advogada Lorena Paixão, que defende o padre, mandou fazer umas fotos da sauna já reformada para fazer crer que a descrição do ambiente não batia com o dito pelo garoto. A juíza levou essa tese em consideração por semanas, até que a delegada que conduziu o inquérito, Sabrina Leles Miranda, conseguiu imagens da sauna feitas antes da reforma, que batiam com a descrição feita pela vítima. Já na fase final do processo, a advogada Lorena ainda foi denunciada na OAB-GO porque ela pegou o processo no fórum, levou para casa e passou do prazo para devolvê-lo.
Inocência
Em sua defesa, o padre jurou inocência até o fim. Alegou que o transtorno mental da vítima, fez com que ele tivesse inventado a história do abuso. No entanto, a juíza levou em conta uma contradição no depoimento de Fabiano, que primeiro disse que avistou o garoto na sauna, mas que não havia trocado uma palavra com ele. Em outro momento, o padre afirmou que cumprimentou o garoto e perguntou com quem ele estava no clube. A advogada chegou a dizer que o padre estava sendo “massacrado” por ter pele negra. “Se condenarem ele, estarão cometendo a maior injustiça do mundo”, comentou Lorena antes de ser pronunciada a sentença.
Outra batalha
Agora, o advogado da família da vítima, Ueren Domingues de Sousa, que atuou como assistente da acusação, vai começar uma outra batalha: tentar fazer com que Fabiano perca a batina e todas as regalias que a cerca, como um salário mensal de 1 200 reais. Apesar de a Igreja Católica já ter proibido que o padre não exerça suas funções sacerdotais, Fabiano ainda faz parte do quadro eclesiástico da Paróquia de Frutal (MG).
Missa
Dentro da cadeia de Caldas Novas, ele chegou a celebrar várias missas informais para outros presos. “Fabiano continua padre, porque o processo civil não é um processo eclesiástico e ocorre em outro tempo”, esclarece outro padre, Otair Cardoso, que foi designado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) para acompanhar todo o julgamento de Fabiano. Como ainda cabe recurso contra a sentença, Otair explicou que o procedimento de afastar Fabiano pelas leis divinas só começa quando ele não tiver mais qualquer chance na lei dos homens.
Veja.com

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