Protestos nas capitais pediram o fim da violência contra a mulher

Manifestação em Porto Alegre (Foto: Ronaldo Bernardi/ Agência RBS)

Manifestação em Porto Alegre
(Foto: Ronaldo Bernardi/ Agência RBS)

Em várias capitais pelo mundo afora e também brasileiras, além de outras do interior do País, o Dia Internacional da Mulher foi marcado por manifestações de repúdio à violência contra a mulher e por melhores condições de trabalho e remuneração.
Rio de Janeiro
Homens e mulheres ocuparam no início de ontem, a Avenida Rio Branco no centro do Rio, na marcha que integrou o movimento mundial do Dia Internacional da Mulher.
Como muitos balões e faixas nas cores roxa e lilás, que identificam o movimento, a passeata saiu da Igreja da Candelária por volta de 18h30, com palavras de ordem como “Legaliza, o corpo é nosso, é nossa escolha, é pela vida das mulheres”, “Se liga, seu machista, a América Latina vai ser toda feminista” e “A violência contra a mulher não é o mundo que a gente quer”. Também houve protestos contra a reforma da Previdência e os governos federal e do Rio de Janeiro.
Retrocesso
A presidenta estadual da União Brasileira de Mulheres (UBM), Ana Targino, disse que o movimento feminista internacional intensificou-se com a eleição de Donald Trump para a Presidência dos Estados Unidos, após uma campanha marcada por declarações machistas, misóginas e segregacionistas. Para Ana, no Brasil, há retrocesso em políticas específicas.
Racismo
Integrante do Fórum de Mulheres Negras, Luciene Lacerda defende um movimento diferenciado para as mulheres negras.  “Além da objetificação que colocam historicamente nas mulheres negras, as políticas públicas que podem ser retiradas atingem principalmente a nós.”
Luciene informou que, de 6 a 27 deste mês, o fórum promove a campanha 21 Dias de Ativismo contra o Racismo, abrangendo o Dia Internacional da Mulher e o Dia Internacional pela Eliminação do Racismo (21 de março). A data foi instituída pelas Nações Unidas no 21 de março após massacre de Chaperville, na África do Sul, na época do apartheid. Segundo Luciene, o objetivo é não deixar as discussões sobre o racismo restritas às comemorações do Dia da Consciência Negra, 20 de novembro.
A marcha terminou na Praça 15, que ficou completamente cheia, por volta das 20h30.
Salvador
Para denunciar a violência, o machismo e diferenças salariais entre gêneros, centenas de mulheres fizeram hoje (8) uma passeata pelas ruas do Centro de Salvador. A concentração ocorreu na Praça da Piedade, de onde elas saíram pintadas, segurando faixas, cartazes e microfones, que lhes davam voz contra a cultura do estupro, o racismo, a homofobia e, sobretudo, a violência física e psicológica contra as mulheres.
A passeata foi convocada nas redes sociais. De acordo com a Polícia Militar, que acompanhou o percurso, cerca de mil mulheres participaram do movimento. Quase cem entidades representativas, entre coletivos, escolas e instituições fizeram parte do ato.
“Hoje não é dia de comemorar, é dia de muita luta, de ir para rua reivindicar os nossos direitos. O nosso compromisso em construir o feminismo vem disso, de entender que a mobilização do nosso país depende de uma mobilização massiva das mulheres trabalhadoras para que façamos as mudanças necessárias”, destaca a estudante Maria Uzeda, representante do Levante Popular da Juventude.
Recife
As pernambucanas marcharam ontem à tarde pelas ruas do Recife, em apoio à greve decretada em vários países por direitos iguais, contra a violência, o racismo, a reforma da Previdência e outras questões que atingem diretamente a população feminina.
A caminhada começou no Parque 13 de Maio e foi em direção à Praça do Derby por volta de 17h. Muitas faixas traziam mensagens contra a reforma da Previdência, que tramita no Congresso Nacional, e com críticas ao governo.
Uma das organizadoras do ato, a técnica em Segurança do Trabalho Ana Lúcia Ferreira do Nascimento, de 52 anos, afirma que a equiparação em tempo de serviço e idade para aposentadoria entre homens e mulheres quer nivelar uma condição que, na prática, é desigual. “Nós, mulheres, somos as mais afetadas. Trabalhamos mais e recebemos menos. Temos jornadas duplas: as mulheres que estão aqui, quando voltarem para casa, vão trabalhar, porque a gente é quem cuida dos filhos, da casa.”
Pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgada segunda-feira (6) mostra que há uma diferença entre os salários de mulheres e homens que exercem a mesma função. A maior disparidade é para as mulheres negras, que recebem 60% a menos que os homens brancos. O estudo também mostra que mulheres trabalham em média 7,5 horas a mais por semana do que homens por causa dos afazeres domésticos, que ainda não são divididos de forma igual.
Com Agência Brasil

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