Laudo da Politec confirma que onça-pintada morta em Poconé era monitorada

Laudo comprovou o crime ambiental

Laudo comprovou o crime ambiental

Laudo pericial elaborado pela Gerência de Perícias em Áudio e Vídeo da Politec confirmou que a onça-pintada (macho) morta pelo pecuarista Benedito Nédio Nunes Rondonor, em Poconé, no Pantanal mato-grossense, no dia 27 de março deste ano, se tratava do animal denominado Queixada, que era monitorado pela Ong Jaguar Identification Project.
O laudo foi concluído e entregue no dia 16 deste mês, à Delegacia de Polícia de Poconé.
O exame foi requisitado com o objetivo de investigar a prática de crimes ambientais de caça ilegal de animais silvestres. A constatação se deu através do exame de Comparação de Padrão, que consiste na análise e comparação de características e detalhes presentes na imagem, para suportar ou contrapor, em maior ou menor grau, a hipótese de que um objeto padrão é responsável pelas características identificadas na imagem questionada.
Confronto de imagens

Foto tirada em novembro de 2021, comprova ser o mesmo animal
( Ong Jaguar Identification Project)

Neste caso, o confronto foi realizado com base em duas imagens, sendo a primeira uma fotografia tirada em novembro de 2021, que consta no guia de identificação de onças de uma pousada da região; e o vídeo que mostra um homem abraçado ao animal morto com um tiro na cabeça.
O exame pericial partiu da análise do padrão de pintas do animal, que, conforme o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), são características individualizantes das onças-pintadas.
As pintas localizadas na região da cabeça, nuca e cauda são sólidas, porém nos flancos elas formam rosetas grandes ou pequenas, fechadas ou abertas, com ou sem pintas no seu interior. Estas marcas são bastante variadas e podem ser usadas para identificar uma onça individualmente, como se fosse uma impressão digital.
De acordo com o perito oficial criminal responsável, Ozlean Dantas, nos exames realizados foi possível notar fortes convergências nos padrões das pintas, localizadas na região do flanco direito do animal. Baseado nesses resultados, o perito concluiu que o resultado dos exames corrobora com a hipótese de que o animal presente no vídeo que circulou nas redes sociais, é o mesmo fotografado em novembro do ano passado.
Um dos quesitos formulados pelo delegado Maurício Maciel Pereira Junior, ao perito refere-se à data em que as imagens registradas nos arquivos do catálogo foram fotografadas, ao qual foi possível identificar que as imagens foram capturadas em 13 de novembro de 2021.
“Eu recebi os arquivos de um catálogo, que seriam os arquivos que foram gerados por esta foto, e a informação é que este arquivo seria periciável. E a data que ele foi criado, em que a fotografia foi feita ela não é alterável. Eu questionei se esse arquivo é possível dizer que ele é compatível com a onça vista no vídeo, porque daí eu mostro que essa onça é correspondente ao animal do vídeo. Na sequência, que data este arquivo foi criado, ou seja, que a fotografia foi tirada”, explicou o delegado.
Conforme o delegado, o resultado da perícia corrobora com a materialidade do crime de caça de animal silvestre. “Eu consigo ter a convicção, a prova objetiva e técnica que me diz que essa onça estava viva em novembro de 2021, o que põe por terra o argumento da defesa, de que fazia mais de um ano que o vídeo havia sido produzido”, completou.
Argumento cai por terra
Benedito Rondon teve a prisão decretada porque foi “ostentar” num vídeo onde afirmava ter matado a tiros uma onça pintada macho, no dia 27 de março último, que estaria comendo bezerros em sua propriedade e “dando prejuízos”.
Na gravação, ainda exibiu uma pistola que foi colocada sobre o cadáver do animal silvestre e fez questão de mostrar um buraco de tiro na cabeça do felino, além de tecer comentários jocosos, dentre eles o de que se a onça fosse fêmea, ele iria manter relação sexual com o cadáver do animal.
Depois que o vídeo viralizou, sendo compartilhado por milhares de internautas e perfis de entidades e Organizações Não Governamentais (Ongs) de proteção aos animais e ao meio ambiente, a Polícia Civil iniciou uma investigação e identificou o pecuarista, que teve a prisão decretada e estava foragido, tendo se entregado à polícia, no dia 18 de abril.
Localizado pela polícia, Benedito Rondon negou ter matado a onça, alegando que o animal já teria sido morto quando ele chegou ao local e fez a gravação. Durante audiência de custódia, foi arbitrada uma fiança de R$ 500 mil para ele ganhar liberdade.
A defesa recorreu ao Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) e o valor foi reduzido para R$ 166,8 mil, que foi pago no dia 19 de abril, com o pecuarista sendo liberado.

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