“Musa do Veneno”: “Brasil não tem clima favorável a orgânicos”

Defensora intransigente dos agrotóxicos (Ueslei Marcelino/Reuters)

Defensora intransigente dos agrotóxicos (Ueslei Marcelino/Reuters)

Essa declaração foi dada em entrevista à agência de notícias Emirates News Agency (WAM) na semana passada, pela ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, justificando que o clima quente do país não é favorável à produção de alimentos orgânicos – mais saudáveis e sem agrotóxicos.
A justificativa contradiz informações do próprio MAPA, que apontam que entre 2010 e 2018, o número de unidades de produção orgânica cresceu de 5.406 para 22.064, significando um aumento de mais de 300%, no período, com registro de 90 mil produtores dessa atividade, junto ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Tereza Cristina reforçou sua colocação alegando que, devido ao clima “desfavorável”, os produtos orgânicos seriam “entre 15 e 20% mais caros” que produtos não orgânicos, sendo consumidos “apenas pelas classes mais altas”.
Para a Coordenação de Produção Orgânica, setor do Mapa responsável pelo Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos, os preços mais elevados dos produtos deve-se a um déficit nos registros de produtores que trabalham nessa atividade, que causa baixa oferta no mercado e, consequentemente, faz com que os preços praticados sejam mais elevados.
A ministra, para quem não lembra, presidia a Frente Parlamentar Agropecuária (FPA) no Congresso Nacional – conhecida como “bancada ruralista”- antes de assumir o cargo no governo Bolsonaro e era chamada à época de “Musa do Veneno”, por ser uma das principais defensoras do PL 6299/2002, o chamado “PL do Veneno”, que propõe facilitar a autorização e comercialização de agrotóxicos no Brasil.
Desde que ela assumiu o MAPA, já foram liberados 325 agrotóxicos, cuja rapidez na liberação fez com que os próprios ruralistas parassem de insistir na tramitação do projeto.
Da Redação com Rede Brasil Atual

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